Memorabilia: 10 Melhores Álbuns de 2019
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Já é tradição aqui no Memorabilia, por nove vezes nessa década publicamos nossa lista dos melhores do ano. O empurrão inicial surgiu ainda na época em que estive na Rádio Itapema (2006-2013), em 2011. Também puliquei listagens no site Collectors Room e no extinto Blog do Grings. A partir de então, acabei tomando por prática habitual revisionar aquilo que passou pelos meus ouvidos ao longo de cada ano. Contudo, sempre vale o aviso: muitas vezes algum álbum figurante em nossa relação possivelmente não esteja ranqueado em nenhuma lista dos grandes sites de música do Brasil e do mundo. É sempre uma visão particular, baseada naqueles discos que de alguma forma ou outra acabaram caindo nessa microteia, sendo detectada em nosso radar. De todo modo, alguns títulos também podem dobrar nessas listagens graúdas. Abaixo, ano a ano, confira nosso ranqueamento nessa década:
2011☆ 2012 ☆ 2013 ☆ 2014 ☆ 2015 ☆ 2016 ☆ 2017 ☆ 2018
2011☆ 2012 ☆ 2013 ☆ 2014 ☆ 2015 ☆ 2016 ☆ 2017 ☆ 2018
Ao final dessa postagem está disponibilizada uma seleção com 20 músicas, dois números de cada escolhido, promovendo um panorama da listagem atual. Clique no título de cada álbum e ouça-o na íntegra via Spotify.
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10 - Zuli - "Apesar Desse Mundo"
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9 - Jack Broadbent - "Mooshine Blues"
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No limiar do início de uma nova década - ainda parece incrível que algum jovem músico aposte em linguagens musicais como o blues e o folk. Jack Broadbent não é nenhum prodígio guitarrístico, aos 31 anos, esse inglês acaba de lançar seu quarto álbum de estúdio. Brother de Ronnie Wood, o que Jack nos apresenta em "Moonshine Blue" é uma colcha de retalhos repleta de espaços vazios (isso é um elogio), além de trânsitos onde o violão e o slide ganham relevo. Sombrias, reflexivas, muitas vezes afigurando-se inacabas, o triunfo do músico acontece justamente quando ele se apoia no simples, como no caso de "Tonight" e "Everytime I Drow". "If" nos arremete ao som acústico de Eric Clapton, assim como a faixa título e "Too Late" nos levam ao poeril "Demolition" (2002) de Ryan Adams.
8 - Picanha de Chernobill - "Sobrevive"
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Detesto o nome - Picanha de Chernobill. Talvez por essa estranheza inicial, acabei por não prestar a atenção em outros discos dessa banda de São Paulo (formada em Porto Alegre). Materializado via financiamento coletivo "Sobrevive" é um CD sem altos e baixos, baloiçando entre o rock/blues e subgêneros. Atemporal em sua essência, isso não impede que nossa memória flutue por décadas anteriores, como em "Hey Você" e "Não Sou de Esperar", faixas que nos transportam ao rock nacional/internacional dos anos 1970. A viola caipira e o clima etéreo de "Se Lhe Perguntam" bate na pinha do puro rock rural brazuca. O grande destaque desse conjunto de canções está sem dúvida em "Muitos Que Se Vão", flâmula de protesto que relembra injustiças sociais e assassinatos, dando voz a ativistas, transsexuais e moradores de rua. Sim, o rock ainda pode ser politizado e alinhado as mazelas do nosso tempo. A zépeleniana "Brasil" nos provoca - "Vamos provar que nem sempre se perde a razão".
7 - North Mississippi All Stars - "Up and Rolling"
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6 - The Who - "Who"
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"Não somos mais uma banda. Há muita gente que não gosta quando eu digo, mas não somos uma porra de uma banda". Falou Pete Townshend em entrevista a Rolling Stone. Quem leu sua autobiografia sabe que declarações como essa já foram ditas dezenas de vezes pelo líder do Who. E afinal, quem importa se Roger e Pete não se encontraram durante as gravações de "Who", autointitulado novo álbum que saiu no início de dezembro? Parte da mágica que compôs a alquimia de uma das melhores duplas do rock continua intacta - tanto no palco quanto em gravações. Por mais que a sensação de déjà-vu ainda assombre qualquer vã tentativa de olhar adiante, a própria capa promove um comeback special de "Face Dances" (1981), em arte assinada por Peter Blake. Treze anos após o último disco de inéditas, não há como não se emocionar com canções como "Ball and Chain" (a melhor delas). Ainda há outras que merecem destaque - "All This Music Must Fade", "Detour", "I Don't Get No Wise" e "Street Song", temas que certamente acertam em cheio os fãs do grupo. "Rockin' in Rage" encerra o novo álbum com traços do melhor Who que já tivemos.
5 - Jeff Lynne's ELO - "From Out of Nowhere Has Landed"
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Depois de um silêncio de 15 anos, com “Alone in the Universe” (2015), Jeff Lynne retornou as gravações num dos melhores trabalhos daquele ano. E mais do que isso, seu retorno de uma semi-aposentadoria rendeu ainda um lendário show no Wembley Stadium em 2017. "From Out of Nowhere" confirma que o mundo ainda precisa de suas canções. Aquela marca das produções de Lynne, resquícios de sonoridade do saudoso Travelling Wilburys, ao qual fez parte ao lado de George Harrison, Bob Dylan, Roy Orbison e Tom Petty, continua vigorando no novo disco do ELO. O típico vocal de Jeff - com vozes/guitarras dobradas, o reverber característico e os teclados - impregnam canções como "Time Out of Life". Já "Down Came the Rain" é tudo aquilo que esperamos da Orquestra da Luz Elétrica, com um aceno e homenagem ao antigo parceiro Tom Petty.
4 - Bonnie Bishop - "The Walk"
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Estou sempre em busca de novas vozes femininas. Encontrei Bonnie Bishop numa dessas rondas a procura de algo interessante numa época em que certas vezes algo fascinante custa a aparecer. Ela surgiu pela primeira vez no meu radar cantando uma canção de John Prine, "Angel of Montgomerry". Bonnie se diz inspirada por cantoras como Bonnie Bramlett e Bonnie Raitt, suas homônimas. "The Walk" tem produção assinada por Steve Jordan (Keith Richards, Buddy Guy, John Mayer), chamuscado pelo espírito das raízes da música norte-americana, o trabalho nos conecta ao blues, ao country, ao gospel, ao rock feito na conjunção dos anos 1960/70, e até mesmo a herança indigenista (ouça a faixa título). Contudo, acima de qualquer mescla, são as canções que nos abraçam com o calor da voz de Bonnie. "The Walk" traz apenas sete canções, mas não estamos falando de um EP - já que o álbum ultrapassa os 40 minutos. Guarde esse nome, Bonnie Bishop.
3 - Calexico / Iron & Wine - "Yes to Burn"
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2 - Andrew Bird "My Finest Work Yet"
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“A Morte de Marat”, de Jacques-Louis David inspirou a capa de "My Finest Worl Yet" de Andrew Bird. Só por essa citação o álbum merece um breve levantar de sobrancelhas. Bird escreveu uma das minhas músicas favoritas dos últimos 15 anos, "Fiery Crash", e desde então seus discos nunca passam batido por aqui. Novamente o mestre-assoviador que também utiliza o violino na linha de frente de canções compôs um obra digna da nossa atenção. Gravado ao vivo no estúdio, a moda antiga e sem fones de ouvido, o artista que enfileirou uma penca de discos em pouco mais de 20 anos de trajetória, considerado por muitos uma das grandes promessas do indie-folk pós-Millenium, produz hoje uma das músicas mais interessantes da atualidade. Mesmo que as rádios não o toquem, essa mistura de música de raíz-pop-esquizofrenia-experimentalismo-rock que ouvimos em "My Finest Worl Yet" revela um cancioneiro de primeira linha.
1 - Allison Moorer - "Blood"
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Álbuns confessionais não são algo novo na música pop. Com facilidade poderíamos citar uma porção deles. A inspiração de "Blood" foi tão pessoal que Allison Moorer lançou o disco simultanemamente a um livro de memórias. Nascida e criada no sul do Alabama, o pai de Allison assassinou sua mãe e depois acabou com a própria vida. Ela tinha apenas 14 anos. É claro que uma tragédia dessas não passa incólume por ninguém. Irmã da cantora Shelby Lynne, Allison foi indicada ao Oscar de Melhor Canção por "A Soft Place to Fall", uma das músicas da trilha sonora de "O Encantador de Cavalos" (1998). Sempre na sombra do country, dos seus trabalhos mais recentes, não deixe de ouvir "Down to Believing" (2015) e "Not Dark Yet" (2017), esse último gravado em parceria com a irmã. O novo álbum não rebaixa sua régua, pelo contrário, a coloca no patamar das grandes cantoras/compositoras de qualquer linhagem. Não há destaques em "Blood", pare tudo e ouça tudo.
Ouça nossa playlist com 20 canções dos 10 álbuns (duas de cada artista).
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