Gonzalo Araya + Just Blues - Santa Maria, 13 de Setembro de 2019

Foto: Pablito Diego

Depois de Wee Willie Walker (USA), Witney Shay (USA), Tom Worrell (USA), Luciano Leães & The Big Chiefs (BRA), Anthony 'Big A' Sherrod (USA) e Luana Pacheco (BRA)o Memorabilia Blues no Plataforma 85 recebeu na última sexta-feira (13) o gaitista chileno Gonzalo Araya (43). Acompanhado da banda gaúcha Just Blues (Lajeado), o músico mostrou ao público local por que é considerado um dos maiores expoentes da harmônica na América do Sul.

Foto: Pablito Diego
Há quase uma década Gonzalo é Endorser da Hohner, uma das mais tradicionais marcas de harmônica do mundo. Na linguagem do mercado musical - O Endorser é conhecido por sua excelência como instrumentista. Ao representar uma marca, o Endorser se torna uma espécie de embaixador do instrumento. 



E toda essa perficiência e fidalgia puderam ser percebidas já na abertura da noite, quando, vindo da parte de trás to bar, Gonzalo surge tocando harmônica com um microfone sem fio. Assim, caminha entre as mesas rumo ao centro do palco, simulando o som de um trem chegando a estação, um clichê adequado a mítíca do gênero e do próprio local em que o evento acontece, no complexo da Gare da Estação Férrea em Santa Maria.  

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No início, apenas com Jeferson 'Xilo' Arend (voz) e Diego Gheno (guitarra), surgem versões intimistas de "Love in Vain" (Robert Johnson) e "That's All Right" (Jimmy Rodgers), para em seguida, com Just Blues completa (banda que acompanha o chileno) - Jones Fiegenbaum (guitarra base), Rodrigo Moreira César (baixo) e Fabiano Giongo (bateria), o grupo passa a funcionar como perfeita máquina pulsante, engrenagem responsável pela eclosão sonora que bate forte, principalmente em temas como "I Can't Be Satisfied" e "Can't Get no Grinding'", de Muddy Waters. Dos momentos mais especiais, impossível não mencionar a incrível versão de "Hochie Coochie Man" (Willie Dixon), relida de uma forma mais contida, falada, um quase talking blues, em andamento que nos prepara para o clímax que nunca acontece. 

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Entre ups and downs (em termos de energia), subimos as alturas com a versão de "Lucille" (Liitle Richard), recorte instrumental em que o gaitista abre a caixa de ferramentas e revela todo o seu repertório de sopros e arpejos. Turbinado por um amp Fender Blues Junior e graças ao talento de Gonzalo, a harmônica praticamente soa como uma guitarra, uma das marcas definitivas da gaita blues em Chicago. A mesma sensação de pleno domínio do instrumento ganha peso em "The Bounce" (Rod Piazza) e principalmente em "Gonzalo's Booggie", instante em que o chileno demonstra atributos de showman, coreografando para a torcida e mantendo a plateia em êxtase, digna performance ao estilo das grandes lendas da harmônica. 

Confira a versão de "Messing With the Kid" (Junior Wells). 



Outro destaque está na reinvenção de Xilo para "Kind Hearted Woman" (Robert Johnson), interpretação cuidadosa, reverente e na medida, reflexo de um vocalista que brilha pela sua sobriedade, sabiamente abdicando de pavoneamentos e excessos.

Foto: Pablito Diego

Em "You're So Fine" (Little Walter), canja do baterista local Ninu Ilha (Kingsize Blues), um dos habitués da cena blues santa-mariense, e acima de tudo, assíduo fomentador do blues na cidade. A casa vem abaixo com "Gonna Send You Back to Georgia" (Hound Dog Taylor), como também em "Route 66" (Bobby Troup) e "Crossroads" (Robert Jonson), temas que evocam um time entrosadíssimo, que não por acaso (entre idas e vindas  ou troca de intrumentistas) já atua junto há quase 20 anos, fazendo da Just Blues a mais longeva das bandas de blues formada no interior do RS. 

Foto: Pablito Diego
No epílogo, "Death Letter" (Son House), executada na versão do Blues Etílicos, perfeito entalhe de uma quinteto alinhado - Fiegelbaum, maquinador de bases e motor de propulsão rítmica; César e Giongo, no centro das canções, performando como relógios suiços e coração palpitante; Gheno, um gigante das cordas, esmirilhando sua lap steel; Arend entregue a energia fatalista da letra de House, além de Gonzalo - colando nos arranjos de Flávio Guimarães, sem deixar de imprimir uma marca original na sua reiterpretação. 

Foto: Pablito Diego
O Memorabilia Blues no Plataforma 85 é apresentado por Ortsac, Brita Pinhal e KL Seguros. Patrocínio: Radiadores Schiavini, Uglione, Neo Autoposto e Ortcons. Cerveja Oficial: Santa Madre. Apoio: Cabeça Arte e Gasoline Barber. Técnica de som: Anderson Bittencourt. Diego Fiorenza. Desenho de luz e operação: Vanessa Giovanella. Coordenação administrativa: Alfredo Giardin e Taís Streit. Comunicação e cobertura fotográfica: Há Cena Cultural. Realização: Plataforma 85 e Grings - Tours, Produções e Eventos.

Próxima atração, Oly Jr, em 5 de outubro. 

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