Luciano Leães & The Big Chiefs - Santa Maria, 22 de Junho de 2019

Foto: Pablito Diego
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Por Márcio Grings Fotos Pablito Diego (Há Cena)

O primeiro semestre do Memorabilia Blues no Plataforma 85 encerra com chave de ouro. Nessa primeira metade do projeto em 2019, após première em fevereiro (28/2), três nomes da música norte-americana passaram pelo palco do bar - Willie Walker (12/3), Whitney Shay (18/4) e Tom Worrell. E no primeiro sábado de inverno (com clima quente em todos os sentidos) - Luciano Leães & The Big Chiefs protagonizam um show catártico ao bom público que prestigiou o capítulo número #5 do evento de blues do ano em Santa Maria. Vale lembrar, em julho é vez de ver Anthony 'Big A' Sherrod, guitarrista advindo de um dos principais berços do blues, Clarksdale, Mississippi.

Confira o álbum de fotos da noite por Pablito Diego

Foto: Luciano Leães
O pianista Luciano Leães já levou quatro premiações no Açoriano de Música. Vê-lo apenas acompanhado pelo piano, é sempre especial. Na posição de sideman (músico de apoio), é fácil percebê-lo roubando as atenções num espetáculo onde seu nome não é o que está no alto do cartaz. Já quando atua frente sua banda, os Big Chiefs, como líder e detentor de um repertório próprio, ou com suas escolhas pessoais, Leães é capaz de nos impressionar ainda mais. Chance de presenciar muito de perto um dos mais respeitados músicos do blues sul-americano, reconhecido fora do país como um de nossos principais expoentes - "Ao piano, a mão esquerda de Leaes está muito acima dos outros mortais. É de uma técnica muito extrema", afirmou ao Memorabilia o músico santa-mariense Pedro Jr, uma das testemunhas presentes - "Quando tocou nas outras vezes que esteve aqui, não havia percebido. Pianista com mão direita acima da média, já vi muitos, já o que ele faz com a esquerda, particularmente eu nunca vi". 

Foto: Pablito Diego
Como septeto, a gang traz a Santa Maria um set mesclado de clássicos da liturgia do blues de New Orleans, temas como "Big Chief" (Earl King) e standards do blues de Chicago - "Hoochie Coochie Man" (Willie Dixon) e "Walking By Myself" (Big Walter Horton), essa última com participações especiais de dois integrantes da banda santa-mariense Kingsize Blues, Paulo Noronha (guitarra) e Ninu Ilha (bateria). O pacote ainda inclui temas do álbum de estreia de Leães, "Power of Love" (2015), como a faixa título, "Take Me To The Top" e "On My Pan" e "On My Own", além de novas canções autorais como "Hunky Dorie Boogie", inédita em gravações, mas peça recorrente em seus atuais shows. Surpresa no setlist, "Ophelia", um dos temas do The Band com forte influência da cena orleanense, é revivida com propriedade pelo grupo. Em "Right Place, Wrong Time" e "Such A Night", LL&TBC também homenageiam um dos grandes 'bruxos' do blues, Dr. John, recentemente falecido.

Foto: Pablito Doego
Na banda base, em sua construção mais estável, Edu Meirelles (baixo), Caetano Santos (guitarra) e Ronie Martinez (bateria), funcionam como coração sonoro dos Big Chiefs. No entanto, a alma que forja um dos relevos mais interessantes dessa reunião de talentos certamente está na adição do naipe de sopros. Formado por Júlio Rizzo (trombone), Ronaldo Pereira (saxofone) e Bruno Nascimento (trompete), a composição completa nos joga nos melhores lugares onde a música de New Orleans já esteve. É o caso de "Go down Moses" (Louis Armstrong), quando o público faz coro ao refrão "Let my people go!". Em "St James Infirmary", show particular do trombonista Júlio Rizzo, passeando pelo bar e brincando com a audiência.


Porém o ápice de possibilidades dessa formação confira-se na representação de "No More Okey Doke", em arranjo que sopra vida nova ao original d'The Meters, num balanço único, repleto de ginga e alto astral, uma incrível energia que verte do palco e contagia a todos.

Foto: Pablito Diego
Indo mais além, no bis, "It's all over now", em fila indiana pelo bar, parte dos Big Chiefs se lança em desfile com Luciano Leães a frente no papel de 'Mr. Tambourine Man', uma pequena emulação de um Second Line em New Orleans. No embalo da canção de Bobby Womack (com traços dos arranjos de Stick McGhee e Dirty Dozen Brass Band) a celebração final ganha a assinatura e o alto astral de um autêntico show de Luciano Leães e seus Big Chiefs, com vibe semelhante ao que eu já tinha assistido quatro meses antes no Barco Cisne Branco (saiba mais AQUI).

Foto: Pablito Diego
Com essa reminiscência, ao estilo de parada musical em que uma banda de sopros (primeira linha) sai pela rua com o público (segunda linha) seguindo os músicos, o espetáculo ganha ocaso com um uníssono da massa trocando figurinhas ao final da apresentação. Essa é uma das grandes sacadas da linha de montagem articulada por Luciano Leães - a audiência faz parte do espetáculo, e a todo tempo é incitada a fazer parte do protagonismo dessa celebração musical. Uma festa que certamente não será esquecida.

Foto: Pablito Diego
O Memorabilia Blues no Plataforma 85 é apresentado por Ortsac, Brita Pinhal e KL Seguros. Patrocínio: Radiadores Schiavini, Uglione, Neo Autoposto e Ortcons. Cerveja Oficial: Santa Madre. Apoio: Cabeça Arte e Gasoline Barber. Roadie: Matheus Osório. Técnica de som: Elmo Kohn e Diego Fiorenza. Luz: Vanessa Giovanella. Coordenação administrativa: Alfredo Giardin e Taís Streit.  Comunicação e cobertura fotográfica: Há Cena Cultural. Realização: Plataforma 85 e Grings - Tours, Produções e Eventos, em parceria com o Clube do Blues.

Foto: Pablito Diego

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