Box: Blues Etílicos celebra 35 anos de atividade

Blues Etílicos | Otávio Rocha, Flávio Guimarães, Beto Werther, Cláudio Bedran e Greg Wilson

Por Márcio Grings

O blues não está encravado apenas no nome, pois ele sempre prosperou no eixo central de criação do Blues Etílicos, um dos responsáveis por disseminar o gênero no Brasil, principalmente nas décadas de 1980/90. Eram tempos de festivais de blues e jazz pelo centro do país, mesmo período em que vários bluesman norte-americanos começaram a se aventurar pelos palcos da América do Sul. Conheci a música do grupo carioca mais ou menos nesse período, no LP "San Ho Zay" (1990), vinil que rodopiou milhões de vezes em mais de 30 mil toca-discos, tornando-se o álbum de blues mais vendido feito por uma banda brasileira. Ainda na mesma década, o quinteto implodiu a minha cabeça na noite em que finalmente os vi de perto. Não lembro o dia nem o mês, mas foi em 1997, e lá estava eu, espremido entre uma centena de pessoas no extinto Café Brasil, em Santa Maria - RS. 

Confira live streaming com Cláudio Bedran e Flávio Guimarães nesta quinta-feira (25)

Naquela época, o Blues Etílicos circulava pelo país na esteira do álbum "Dente de Ouro" (1996), um trabalho sotaqueado por uma babel de elementos. Afinal, além de versarem como poucos no voz original do gênero, o Blues Etílicos misturou tudo: Raul Seixas com Duanne Allman; Fernando Pessoa com Ernest Hemingway; folclore nordestino com slides matadores; berimbau com gaita de boca; fritou o mambo e flertou com o jazz; compôs em português e inglês; juntou a malandragem carioca com o southern rock dos anos 1970; e claro — o blues sempre estava lá, senhor de si, como um pássaro astuto pousado num fio de alta tensão: pronto para sobrevoar uma nova canção. É meu disco favorito deles, e um dos trabalhos mais vitoriosos do blues em nosso território.     

Confira o review da apresentação do Blues Etílicos em 24 de outubro de 2019 (Bar Opinião, Porto Alegre)

Divulgação

Uma das grandes sacadas da música do Blues Etílicos é justamente esse raio-x tridimensional proporcionado por uma obra que não apenas visiona paridades com o blues 'de lá', pois as canções do grupo ainda propõem uma ligação com o som 'daqui'. É justamente nesse diálogo que encontramos a singularidade e o blend da mais legítima e brasileira das bandas de blues. Ouça a versão do grupo para "Espelho Cristalino" de Alceu Valença e comprove essa vocação em miscigenar as coisas. O legado do Blues Etílicos reverbera na vida de inúmeros músicos e fãs tomados pela mandinga desse Preto-Velho, um bluesman andarilho que habita o corpo físico de muitos, graças ao mojo espalhado pela Rosa dos Ventos do quinteto carioca.

Assista a banda ao vivo no Bolshoi Pub (2012). 
 

De 1987 até 2021, são 13 álbuns entre registros autorais, discos ao vivo e coletâneas. Eles gravaram ainda um DVD, "Blues Etílicos ao vivo no Bolshoi Pub" (2012). Blues Etílicos - 35 anos" faz um apanhado dessa jornada musical, pinçando canções de seus discos de estúdio retrabalhadas sob a direção de Pedro Garcia e Kasin (Jorge Mautner, Erasmo Carlos, Adriana Calcanhoto). Muitas das músicas escolhidas receberam novos arranjos, como "Safra 63" e "Mona’s Blues". A identidade nacional arde viva em temas como "Dente de Ouro" e "Beco Escuro". O novo CD ainda traz cavalos de batalha como "Puro Malte" e "Cerveja", além de duas faixas inéditas — "Mandala Boogie" e "Waterfalls". A caixa "Blues Etílicos - 35 anos" contém 1 CD Digipack luxo | 1 Camiseta | 1 Cerveja IPA edição comemorativa | 2 Palhetas personalizadas | 1 Chaveiro mini gaita personalizado (compre AQUI). A atual formação conta com quatro membros originais: Greg Wilson (voz e guitarra), Otávio Rocha (guitarra), Cláudio Bedran (baixo) e Flávio Guimarães (voz e harmônica), mais Beto Werther (bateria), nas fileiras do grupo desde 2017. 

Gosta de blues? Então aí está um material indispensável para figurar no seu player e na sua vida. Veja abaixo o vídeo que anunciou o lançamento do box comemorativo. 

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