Come on Baby, 25 anos depois... vivos e ao vivo!

Foto: Netuno
| Por Márcio Grings |

Em "Vitrola Moderna", uma dos meus temas favoritos da Come On Baby, a música diz: 

"Lá estão os eucaliptos da São Pedro/ Depois deles Uruguaiana está bem perto/ Estrada cheia de buracos/ Não dá bola toca em frente o barco". 

É isso que diferencia uma banda honesta, com letras diretas e distensionadas, sem a intenção de cantar um mundo paralelo e distante. Quando o automóvel vem pela BR 290, vindo de Porto Alegre, ao avistarmos os eucaliptos da estrada de chão que leva até a Estância São Pedro, sabemos  — em poucos minutos chegamos. Trata-se do vernáculo local, esse é o tipo de verdade que arranca um sorriso de quem conhece o cenário. 

Depois de um bom tempo fora do jogo, a Come On Baby está de volta. O show de retorno foi na semana passada (7), mas só agora pude publicar. O grupo uruguaianense, surgido no ano 2000, também deixou sua marca em Santa Maria e pelo RS. Durante cinco anos de estada na Boca do Monte (entre 2001 e 2006), Luis Afonso Depedrini (voz  e guitarra), Áureo Goulart (guitarra), Marcelo Tajes (baixo) e Temistocles Almeida (bateria) se apresentaram em festivais/bares como Nossas expressões, boate do DCE,  Liverpool e Macondo. 

Na época, residentes no bairro de Camobi, por lá os integrantes montaram um estúdio de ensaios e gravações. Pelo selo próprio da banda, Sol Records, lançaram 12 bandas e sacudiram o coreto até na capital, com apresentações em bares da Cidade Baixa e nos programas Radar e Roda Som, ambos da TVE. O último registro de inéditas da Come On Baby é de 2006 (o material completo disponível via streaming você pode ouvir AQUI). 

Entre os destaques de sua discografia, relembro o Ep lançado no Teatro Caixa Preta (UFSM) em 2005, quando um gibi estrelado pelos integrantes ganhou o mundo (imagem acima). Veja vídeos abaixo da apresentação no Ferrovia (crédito: Mango Filmes).

Celebrando 25 anos de sua primeira aparição, o grupo, apartado a bastante tempo, se juntou novamente para uma apresentação no Ferrovia (General Câmara esquina com Vasco Alves), próximo à ponte de dá acesso a Passo de Los Libres/ Argentina). O palco, improvisado em frente uma das portas do bar, aponta o som ao vivo para todas as direções e esquenta o ambiente (obrigado vizinhos, muita compreensão nessa hora). Desse modo, ao ar livre, mesmo naquela noite fria do outono uruguaianense, com a temperatura na casa de um dígito, um bom público apareceu por lá. Sentados em mesas ao redor da banda ou até mesmo em pé, com copos de cerveja e hambúrgueres nas mãos, ao embalo do rock autoral.O som da Come On Baby é simples e direto — duas guitarras, baixo, bateria e uma só voz — misturando tudo: no DNA do quarteto temos a influência do rock argentino/ brasileiro e a inspiração do som anglo-americano dos anos 1960/70. Destaque para as letras sagazes e divertidas da rapaziada, próximas à linguagem dos boleiros, como já disse no início desse breve review. Luis canta do jeito que fala, um suíngue malandro e com um tipo de magrinhagem fronteiriça. Já a guitarra afiadíssima de Áureo, traz a lembrança dos mestres do gênero, com todos mantendo uma postura madura no palco (muito bom ver Marcelo de volta ao baixo). 

Entre os destaques no setlist, a chuckberiana "Miguel", "Camelô da Baixada" (essa pegou o público geral) e "Lembranças de Jerusalém" (essa me pegou). O teste do tempo fez bem a Come On Baby e suas músicas, que promete seguir adiante em 2025. Para agosto/ setembro, o grupo atravessa a ponte internacional e se apresenta em Paso de Los Libres, dividindo o palco com os argentinos da La Paranca. Há também a intenção de gravar novas músicas. Que o futuro nos traga boas novas.            

COME ON BABY — FERROVIA/ 7 DE JUNHO de 2025

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Foto: Netuno

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