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Foto: Laura Aldana |
| Por Márcio Grings Fotos Laura Aldana |A enchente que assolou o Rio Grande do Sul em 2024 deixou marcas profundas no povo gaúcho. Tanto na capital quanto em dezenas de cidades espalhadas pelos quatro cantos do estado, ainda temos em nosso cotidiano os resquícios da catástrofe ocorrida a cerca de um ano. Basta uma volta pelo centro e você encontrará as marcas da cheia maculando os muros e as paredes. Na última quinta-feira (10), o Mercado Público de Porto Alegre, severamente afetado pelo evento climático de abril/maio do ano passado, deu mostras de que a página foi virada. Após sua revitalização — com 102 lojas afetadas pela enchente —, o evento Jazz no Mercado pegou carona no South Summit, que disponibilizou transporte gratuito para o deslocamento do Cais Mauá até o local do show, potencializando a visão de um Mercado Público como um espaço cultural e múltiplo. Dentre os sinais do revigoramento, o resultado consagra essa intenção: sucesso de público e uma amostra do potencial de expansão como ambiente cultural. Quem esteve por lá pôde perceber o colorido do espetáculo, onde essa audiência assistiu no tête-à-tête um dos melhores pianistas em atividade no país.
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Foto: Laura Aldana |
Luciano Leães lança até o final
do ano “Fessta Brasilis”, seu terceiro álbum, gravado no Estúdio do Arco (Porto
Alegre) e em New Orleans, cidade que o músico retornará ainda no mês de abril
em uma nova turnê. A apresentação do pianista gaúcho pega esse mote e traz ao
Mercado um setlist aos moldes dos shows que ele fará nos Estados Unidos.
No repertório, canções de sua autoria, que possivelmente irão figurar no novo
trabalho, além de repassar um repertório de Black American Music (BAM),
apresentando suas versões para músicas de Ray Charles, The Meters, Louis
Armstrong, D’Angelo, Billy Preston, Percy Mayfield, Sonny Clark, Muddy Waters,
entre outros.
Antes de tocar os temas, o músico
apresentava cada composição e revelava peculiaridades e contextos, ampliando o
caráter cultural do evento, sempre chamando a atenção para os cruzamentos da
música negra no continente. Esse diálogo multicultural é trazido pelo
artista em muitos de seus temas, como na habanera “Odila y Maneco”, um estilo
cubano que é uma das pedras fundamentais do jazz, do tango, do maxixe e do
blues/rumba de New Orleans.
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Foto: Laura Aldana |
Entre os destaques do show, Luciano apresentou ao público o jovem músico porto-alegrense Vini Canella. Com
apenas 14 anos, Vini é aluno de Leães e, durante a apresentação de seu
professor, dividiu as teclas com o mestre, sendo ovacionado ao final da participação. Em breve,
Vini Canella lançará seu primeiro single, com produção de Leães e première capitaneada
pelo Arco Cultural. Em clima de informalidade, com palco aberto a convidados, o show ainda contou com outras participações, entre elas a cantora Luana Pacheco.
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Foto: Laura Aldana |
A ideia da associação que
promoveu o evento Jazz no Mercado é consolidar uma agenda periódica e mais ampla,
contemplando outros gêneros. A exemplo, nessa sexta-feira (11), também às 19h, será a vez do Samba do Mercado.
— Será um test-drive. Com essa
programação, queremos reforçar a imagem do Mercado Público como espaço de
cultura e lazer — disse antes do evento Carolina Kader (Armazém do Confeiteiro e integrante do
MP) a Juliana Bublitz, jornalista de GZH. O test-drive nos mostrou que o projeto está pronto para ganhar a pista. No aguardo das cenas dos próximos capítulos.
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Foto: Laura Aldana |
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