Luciano Leães, Jazz no Mercado Público, 10 de abril de 2025

Foto: Laura Aldana
| Por Márcio Grings Fotos Laura Aldana |

A enchente que assolou o Rio Grande do Sul em 2024 deixou marcas profundas no povo gaúcho. Tanto na capital quanto em dezenas de cidades espalhadas pelos quatro cantos do estado, ainda temos em nosso cotidiano os resquícios da catástrofe ocorrida a cerca de um ano. Basta uma volta pelo centro e você encontrará as marcas da cheia maculando os muros e as paredes. Na última quinta-feira (10), o Mercado Público de Porto Alegre, severamente afetado pelo evento climático de abril/maio do ano passado, deu mostras de que a página foi virada. Após sua revitalização — com 102 lojas afetadas pela enchente —, o evento Jazz no Mercado pegou carona no South Summit, que disponibilizou transporte gratuito para o deslocamento do Cais Mauá até o local do show, potencializando a visão de um Mercado Público como um espaço cultural e múltiplo. Dentre os sinais do revigoramento, o resultado consagra essa intenção: sucesso de público e uma amostra do potencial de expansão como ambiente cultural. Quem esteve por lá pôde perceber o colorido do espetáculo, onde essa audiência assistiu no tête-à-tête um dos melhores pianistas em atividade no país.

Foto: Laura Aldana
Luciano Leães lança até o final do ano “Fessta Brasilis”, seu terceiro álbum, gravado no Estúdio do Arco (Porto Alegre) e em New Orleans, cidade que o músico retornará ainda no mês de abril em uma nova turnê. A apresentação do pianista gaúcho pega esse mote e traz ao Mercado um setlist aos moldes dos shows que ele fará nos Estados Unidos. No repertório, canções de sua autoria, que possivelmente irão figurar no novo trabalho, além de repassar um repertório de Black American Music (BAM), apresentando suas versões para músicas de Ray Charles, The Meters, Louis Armstrong, D’Angelo, Billy Preston, Percy Mayfield, Sonny Clark, Muddy Waters, entre outros.

Antes de tocar os temas, o músico apresentava cada composição e revelava peculiaridades e contextos, ampliando o caráter cultural do evento, sempre chamando a atenção para os cruzamentos da música negra no continente. Esse diálogo multicultural é trazido pelo artista em muitos de seus temas, como na habanera “Odila y Maneco”, um estilo cubano que é uma das pedras fundamentais do jazz, do tango, do maxixe e do blues/rumba de New Orleans.

Foto: Laura Aldana
Entre os destaques do show, Luciano apresentou ao público o jovem músico porto-alegrense Vini Canella. Com apenas 14 anos, Vini é aluno de Leães e, durante a apresentação de seu professor, dividiu as teclas com o mestre, sendo  ovacionado ao final da participação. Em breve, Vini Canella lançará seu primeiro single, com produção de Leães e première capitaneada pelo Arco Cultural. Em clima de informalidade, com palco aberto a convidados, o show ainda contou com outras participações, entre elas a cantora Luana Pacheco

Foto: Laura Aldana

A ideia da associação que promoveu o evento Jazz no Mercado é consolidar uma agenda periódica e mais ampla, contemplando outros gêneros. A exemplo, nessa sexta-feira (11), também às 19h, será a vez do Samba do Mercado.

Será um test-drive. Com essa programação, queremos reforçar a imagem do Mercado Público como espaço de cultura e lazer — disse antes do evento Carolina Kader (Armazém do Confeiteiro e integrante do MP) a Juliana Bublitz, jornalista de GZH. O test-drive nos mostrou que o projeto está pronto para ganhar a pista. No aguardo das cenas dos próximos capítulos. 

Foto: Laura Aldana


Comentários