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| Foto: André Feltes | |
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Por Lúcio Brancato Fotos André Feltes |
Depois de já ter passado pela capital gaúcha em 2022, com três noites de ingressos esgotados, Marisa Monte retornou com a turnê “Portas” para mais duas apresentações, igualmente com sucesso absoluto de público. Quando algo é bom fica aquele desejo de quero mais. Para nossa sorte os portões do Auditório Araújo Vianna se abriram na noite de sexta-feira para saciar a vontade do público gaúcho.
Nos seus mais de 35 anos de carreira, não é nem um pouco estranho o número de pessoas que ela cativa. Desde o seu primeiro trabalho, sua música conversa e transita com diferentes públicos e gerações. Agrada desde as grandes massas populares de hits radiofônicos, como também ouvintes talvez mais exigentes que consomem sua obra como um todo. Um reflexo de sua excelência artística, de quem sempre soube entregar – e muito bem – cada novo lançamento. Do pop ao samba, da MPB ao rock, o caldeirão de temperos sempre muito bem dosados, faz desse crossover de gêneros a receita perfeita de uma das artistas mais completas de sua geração.
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| Foto: André Feltes | |
Desde que escutei o álbum “Portas" (2021), me chamou a atenção pela grandiosidade do que escutava. Para meu gosto, uma feliz retomada musical ao estilo e altura de “Mais" (1991) e “Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão" (1994), dois discos que considero perfeitos na sua carreira. Posso ainda dizer que ela chegou a subir alguns degraus no seu recente trabalho. A magnitude nos arranjos, repertório e interpretação, fazem da audição uma aula de bom gosto e musicalidade plena.
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| Foto: André Feltes | |
O cuidado ao entregar algo musicalmente tão forte reflete na mesma medida da concepção do que presenciamos agora ao vivo no show. Já bastaria apenas a banda formada por grandes músicos: Dadi (baixo, violões e piano), Davi Moraes (guitarra), Pupillo (bateria), Pretinho da Serrinha (percussão e cavaquinho), Chico Brown (violões e piano), Antônio Neves (trombone), Eduardo Santana (trompete) e Oswaldo Lessa (saxofone e flauta). Porém, para a nosso deleite, Marisa Monte sempre teve um cuidado especial em cena. Do figurino à iluminação, tudo é muito bem pensado, conversando com cada ato do espetáculo. O cenário em formato de caixa, que tem a assinatura do artista visual Batman Zavareze – responsável pela direção de arte da turnê – com projeções mapeadas de cores e elementos, fazem do palco um mundo infinito ao redor da cantora.
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| Foto: André Feltes | |
Abrindo com a música que dá nome ao show e álbum, Marisa Monte de largada guarda no bolso todas nossas chaves para nos prender em seus corredores sonoros. Além de “Portas”, do novo disco ainda aparecem no roteiro mais sete canções: “Quanto Tempo”, “A Língua dos Animais”, “Totalmente Seu”, “Calma”, “Feliz, Alegre e Forte”, “Elegante Amanhecer”, “Pra Melhorar”. São poucos artistas com uma longa carreira que se permitem um show com tantas músicas novas, mais uma prova de sua sabedoria e afirmação junto ao público. Mesmo um trabalho tão recente já é de entendimento e gosto da plateia que faz coro em todas as canções. Com um desenho muito bem feito, o setlist contempla ao menos uma música de cada um de seus outros oito trabalhos de estúdio e dois hits do projeto Tribalistas: “Velha Infância” e “Já Sei Namorar”.
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| Foto: André Feltes | |
O espetáculo funciona como uma galeria de arte. Um convite para apreciar com nossos sentidos cada quadro pintado com primor no palco. Numa coreografia de cores, Marisa conduz uma visita guiada por aquarelas da música brasileira muito bem pintadas nas últimas décadas. Ela não transita, flutua pelo palco com sua leveza vocal e corporal. O público, atento a cada obra, responde cantando junto cada linha de seu trajeto.
Um dos grandes momentos de emoção e cumplicidade do show ficou guardado para o bis. Ao retornar para o palco, Marisa e banda emendam uma versão magistral de “Doce Vampiro” em homenagem a rainha Rita Lee, que nos deixou há três dias. Canção que volta e meia já entrava no roteiro do show, ganha agora novos sentimentos. E o afeto entre palco e plateia se estende até o final quando sozinha em cena entoa à capela “Bem Que Se Quis”, deixando o palco no meio da canção para o público conduzir em uníssono o fechamento das portas do auditório.
Setlist:
Portas
Quanto Tempo
Boa Noite
Maria De Verdade
Vilarejo
A Língua Dos Animais
Infinito Particular
Ainda Bem
Beija Eu
Totalmente Seu
Ainda Lembro
O Que Me Importa
Preciso Me Encontrar
A Sua
Depois
Calma
Eu Sei
Velha Infância
Feliz, Alegre E Forte
Elegante Amanhecer / Lenda Das Sereias
Na Estrada
Não Vá Embora
Balança Pema
Magamalabares
Bis
Doce Vampiro
Amor I Love You
Pra Melhorar
Já Sei Namorar
Bis Extra
Bem Que Se Quis
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| Fotos: André Feltes | |
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