Uma banda chamada Black Sanga Grande Blues
Foto: arquivo pessoal |
Apresentada a mim pelo amigo Marcelo Tajes, a Black Sanga Grande Blues é uma banda formada na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, em Uruguaiana, cidade vizinha a Paso de Los Libres, na Argentina. A ligação com o blues passa principalmente pela orientação do idealizador do quarteto, Carmo Goulart (guitarra), músico autodidata de 75 anos, um apaixonado pelo gênero. Carmo é 'veterano de várias guerras', um sobrevivente, encaminhador (ou desencaminhador) de outros tantos artistas, influenciador e agitador cultural de longa data. Completam a formação da Black Sanga — Áureo Goulart (guitarra), filho de Carmo e Vinicius Goulart Tajes (bateria), seu neto, além de Lucas Vasconcelos (baixo).
Black Sanga Grande Blues |
A Black Sanga pode buscar inspiração no blues britânico dos anos 1960 — como ouvimos em "Nascimento". "J. Blues" e "Luna Blues" —, mas também bate no som encardido dos anos 1970, no caso de "Blues da Anna" e "Será isso Hard Rock". O caldo engrossa quando eles evocam o som brejeiro de um Creedence em seus dias iniciais em "Rock Rural" (só que mais sujo e pesado), para logo depois deixarem o público reflexivo com o romantismo de "Me apaixonei, Carioquinha". No caso de "A alma de Chuck Berry", o nome da música já entrega o jogo e o cenário proposto, assim como "Na pressão" é o pó de pirlimpimpim que aproxima Uruguaiana de Chicago.
Carmo e Áureo intercalam posições e protagonismos, com ambos desenhando suas digitais nesse espaço. Áureo é um virtuose que me traz à lembrança de nomes como Eric Clapton e Peter Green (guardadas as devidas proporções). Por outro lado, o irreverente Carmo é um daqueles sujeitos com alma keithrichardiana, pois climatiza o terreno para o filho voar livre numa base aparentemente displicente, mas repleta de malandragem e firmeza. Nos solos, pai e filho distribuem estilos distintos, escolhas ambientadas conforme a necessidade de cada música. Tudo funciona, começando pela batida firme/ reta do jovem Vinicius, motor regulado na pulsação de Lucas, formando o centro emocional dessa moldura, o que estabelece um padrão básico para a liberdade e segurança dos solistas.
Venham todos até o Ferrovia. A Black Sanga Grande Blues merece nossa atenção.
Black Sanga no palco do Ferrovia, em Uruguaiana. |
Show bom p/ caramba
ResponderExcluirBaita Banda!!! Se Uruguaiana não fosse tão longe!! Estariam em palcos maiores!! Com certeza!!!
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