Documentário revive Noel Guarany, o grande bardo da música missioneira
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Por Márcio Grings
A formação musical que absorvi da minha família foi praticamente nula. Não há músicos e artistas entre os meus ancestrais, pelo menos que eu saiba. Não tínhamos toca-discos até 1985, ano em que ganhei meu AH-920 Philips. De todo o modo, lá pela segunda metade dos anos 1970, início dos 80, o rádio sempre estava ligado. No carro, na cozinha, seu som reverberava por todos os lugares da casa. Meu pai gostava muito de música regionalista, eram os áureos tempos da Tertúlia, Califórnia, dezenas de festivais aconteciam por todo o Rio Grande do Sul.
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Se na Argentina temos Atahualpa Yupanqui — No Chile, Victor Jara — Nos Estados Unidos, Woody Guthrie (this machine kills fascists) — paralelamente, aqui no Rio Grande do Sul, Noel foi o grande visionário, ativista e peregrinador que aglutinou o vernáculo regionalista com a linguagem sul-americana. O músico praticamente inventou a música missioneira e a canção de protesto nesse universo. Noel Guarany é o marco zero dessa linhagem, depois vieram Jaime Caetano Braun, Cenair Maicá, Pedro Ortaça, entre outros. Mas tudo começou com ele, a parte mais sólida e original dos chamados "Troncos Missioneiros". Noel é responsável por colocar a 'música gaúcha' em outro nível, em separá-la da paródia e do caricatural. Entre suas virtudes estão a proficiência técnica como instrumentista e o rigor póetico das composições assinadas por ele: "Estrada clara de seiva / Luar de estrelas prateado / Onde peleia o dourado / Na boca dos espinhéis / Peregrino dos caminhos / No rumo dos horizontes" (Eu e o Rio).
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O filme narra diversos episódios da trajetória de Noel, recuperando desde um vasto arquivo fotográfico do músico, material em vídeo, além de entrevistas, reportagens, depoimentos de familiares e amigos, como os ex-governadores Olívio Dutra e Alceu Collares, que relembram causos e histórias da vida de Noel.
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O documentário evoca o contexto da época, sobretudo o período de mobilização social pelo fim da ditadura e a volta da democracia no Brasil. “Também é um filme político, porque o Noel foi um ser político na relação com o seu público e como ele viveu. Com a situação que estamos hoje no Brasil, com perseguições, destruição da Amazônia, a questão indígena, causas que Noel defendia, acredito que o filme vem em um momento bem importante de discussão sobre liberdade e sobre a defesa do meio ambiente”, ressalta o diretor Tiago Rodrigues.
E além disso, geograficamente Noel colocou os artistas sulistas no mapa sul-americano, com sua bússola apontada mais para o sul do que para o norte, mais para o espanhol do que para o português: "Com a garganta bem afiada / E os acordes bem certeiros / E assim qualquer brasileiro / Ou se escuta algum paysano / Verá que é sul-americano / O canto de um missioneiro" (Destino Missioneiro).
"Minhas Andanças – Noel Guarany", tem direção e roteiro de Tiago Rodrigues, com pesquisa e roteiro de David Cunha. A fotografia é de Carlos Eduardo Moraes e Tiago Rodrigues. Montagem, Edição e Finalização, por Marcelo Coutinho. O projeto assinado por David Cunha, Laura Guarany, Leonardo Gadea, Maurício Macedo e Tiago Rodrigues pode ser visto pelo player abaixo.
MARAVILHOSA MATÉRIA, A RESPEITO DO PERCURSOR DA MÚSICA MISSIONEIRA, IMORTAL NOEL GUARANY. PARABÉNS!
ResponderExcluirGrande Noel que por final,não reconhecido!
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