John Fogerty, um excelente professor

John Fogerty, San Francisco, 1970. Foto: divulgação  

Por Luciano Teles

Talvez uma ou duas vezes tenha visto seu nome entre os grandes guitarristas do rock. Tem sido lembrado sempre pela voz e como compositor. E, como nada é sempre perfeito, como o causador da dissolução do grupo. Nunca estive junto deles. Então não posso opinar. O fato é que eu nunca vou me esquecer de que costumava ouvir os sucessos do Creedence, me perguntando de onde esses caras tinham saído. Não eram sempre citados nem mostrados. Fosse em publicações escritas ou nos bons e velhos programas especiais de TV e rádio, víamos mais Beatles, Stones, Led, Elton John etc. Nunca tinha visto Creedence Clearwater Revival. 

JF, Madison Square Garden, 1970. Foto: divulgação

Até que, já no pré-vestibular, um amigo me emprestou "Pendulum" e "Mardi Grass". "Have You Ever Seen The Rain" estava lá. "Hey Tonight", é... Já tinha ouvido... Gostei de "(Wish I Could) Hideaway"... Mas... Achei um disco meio triste. Melancólico. E sem as músicas das quais eu realmente gostava: "Long As I Can See The Light", "Who'll Stop The Rain", "Wrote A Song For Everyone" e por aí vai.  

De "Mardi Grass", "Someday Never Comes" ainda me dá um soco na boca do estômago. Daqueles que te tombam e te fazem se contorcer no chão, com a face contraída em dores. A foto de capa, com três dos quatro integrantes, e o restante das músicas me fizeram ver que, de novo, começava a ler o livro pelo final. Ou seja: começava a ouvir uma banda pelos seus discos finais. 

Foi assim com os Beatles. Foi assim com Stones. Foi assim com o Who. Corri o risco de não gostar das três bandas, por não saber que o que eu ouvia (Abbey Road, Tatto You e Who's Last) não eram discos que ajudaram a formar a ideia inicial sobre as mesmas. Já eram consagrados e, no caso dos Stones e Who, discos com dez anos a mais do que o "Abbey Road" - ainda que "Tatto You" tenha músicas de por volta de 1973. 

Porém, já com a discografia de estúdio em mãos, a Som Livre lança "CCR In Concert". Pensa num paraíso na terra. Foi com esse disco que eu pude ver o quão bom era - e é - John Fogerty. Como que ele consegue solar dentro do acorde, como que consegue cantar e fazer a guitarra responder. Vi muito de blues e country saindo pelas caixas de som (sim, caixas de som do meu 3 em 1. E rock! Muito rock! 

Era 1995 e imediatamente, pela internet rastejante de um amigo, baixei letras e imprimi. Acho que ainda as tenho. Eu sei que tirei os acordes no violão e ficava a tocar junto com o disco. Exatamente como já vinha fazendo desde meus 14, 15 anos. Tinha 24, em 95. Posso dizer a vocês, dentro do meu pobre, paupérrimo conhecimento de técnica de guitarra: se seu filho ou filha quiser aprender a tocar guitarra, faça com que ouça CCR e tire as músicas. 

John Fogerty é um excelente professor.

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