Review: Sylvie Simmons "Blue on Blue" (2020)

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Por Márcio Grings

"Blue on Blue" (2020) é o segundo trabalho de Sylvie Simmons, jornalista e musicista inglesa radicada na Califórnia. Considerada a melhor biógrafa do Leonard Cohen, de quem foi muito próxima, ela também escreveu livros sobre Neil Young e Serge Gainsbourg.

Em "Blue on Blue", Sylvie Simmons novamente nos apresenta suas composições vaporosas, simples  e elegantes (a estreia foi em 2014 com "Sylvie"), quase sempre emolduradas pela cama de um singelo ukulele. Não deve ser fácil para alguém que sempre olha a música de forma tão crítica (a cantora é colaboradora da Mojo Magazine) produzir um material original e sentir-se satisfeita com o resultado. A voz quase infantil, frágil, reproduz melodias confortáveis, encapsuladas pela produção precisa de Howe Gelb, que também divide os vocais com Sylvie em "1000 Years Before I Met You". 

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A mortalidade é tema onipresente nas letras, assim como no retrovisor é possível visualizar ecos do folk britânico. E apesar de advirem de gemas distintas, sua música me lembra a imprecisa áurea de Marianne Faithfull, e o próprio Leonard vem à lembrança, muito pelas imagens poético/catastróficas que Sylvie consegue construir, como em "The Thing They Don't Tell You About Girls", quando avisa ao ex-amante: — "Desde que você se foi, fico longe de pontes, trens e lâminas de barbear".

Veja o clipe de "Sweet California".


Certamente "Blue on Blue" não irá figurar nas listas dos grandes álbuns de 2020 (na minha tem grandes chances), pois em apenas 36 minutos, no clássico formato vinil de tempo, sinto-me apanhando pela simplicidade e pelo espírito artístico construído na obra. As canções de Sylvie Simmons ressoam reflexivas, atenuantes, inquietantes, bonitas...

Apesar da capa, que sugere um encontro tímido com o mar, eis um belo disco para ouvirmos em noites frias de inverno. Coloque sua pantufas e abra sua melhor garrafa de vinho — "Blue on Blue" lhe fará companhia.

Ouça na íntegra.

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