Seja pela concepção, produção, primazia gráfica e principalmente pelo fio condutor temático entre as músicas, “Sistema Solar”, segundo álbum solo do músico/compositor gaúcho Gérson Werlang ganha um símbolo de singularidade e selo legítimo de rock progressivo Made in Brazil. Partindo do argumento planetário, Gérson também dá voz a si, e assim, explora o amor, faz crítica social e chama a atenção para os abusos contra a natureza: “Utilizei o Planeta Terra como regional, e os planetas como o universal, assim procuro projetar um homem cósmico nas letras”, afirma o compositor.
Ouça "O Último Tango em Plutão".
Gérson Werlang atuou por três décadas na Poços & Nuvens, banda que conseguiu a atenção dos meios internacionais no início dos anos 2000, fazendo inclusive uma turnê pelo México. Em carreira solo, "Memórias do Tempo" (2008) promoveu sua estreia em CD. Agora, Werlang dá sequência a suas visões musicais em “Sistema Solar” (2015), que após première em CD, ganha materialidade em vinil 140 gramas. Com data agendada para 14 de Setembro, o LP chega via 180 Selo Fonográfico, além de também ganhar disponibilidade no formato digital, com lançamento programado inclusive para plataformas digitais, entre elas o Spotify, iTunes, Google Play e ONErpm.
Foto: Ernesto Sachhet
Voltando na história, o rock progressivo tem sua nascente na Europa e na língua inglesa, no entanto, assim como fez na Poços & Nuvens, Gérson dá voz ao português como idioma mater de suas histórias. E dessa forma, “Sistema Solar” também se define pela sua originalidade, sem apenas reverberar um simples arremedo do prog-rock e sua época de ouro nos anos 1970, pelo contrário – a atemporalidade de “Sistema Solar” é uma estrela reluzente num universo de mesmices do rock atual.
Essa excelência de conteúdo pode ser aferida em temas como “Anéis de Saturno”, “Vênus” e na faixa que dá nome ao álbum, “Sistema Solar”, trinca de ases que funcionam com pilares tônicos do trabalho. “Mercúrio” alude ao som do saudoso Quintal de Clorofila, duo santa-mariense que assombrou a cena local na primeira metade dos anos 1980. O violão flanger de “Marte” é um truque preambular para introduzir “Noites de Inverno” – faixa com essência acústica simbolizada na flauta transversal à la Ian Anderson e letra a explorar nuanças regionalistas, além de uma narrativa típica do Inverno gaúcho. Partindo do bandolim, um dos instrumentos coringas do álbum, “O Último Tango em Plutão” não apenas nos empresta uma sensação de mistério e tensão - há trânsito de jazz rock, assim como o tango do título não se impõe só como figura de linguagem. Esses cruzamentos permanecem vigentes em faixas como “Jupiter’s Ghosts”, quando o som do rádio fora de sintonia nos conecta às geniais esquisitices de “Ummagumma” do Pink Floyd. Já o teclado prog de “O Sol”, somado ao violão e a escaleta, promovem ligação direta com “Passeio na Serra”, um dos traços mais [folk] pop românticos de “Sistema Solar”. Entre o abre e fecha de luz & sombra das músicas, “Você Vai Precisar de Urano” é pura psicodelia experimental. O teremim e a fantasmagórica bateria galopante de “Transilvana” – tocada como um bombo-leguero, por outro lado, rememoram e ressuscitam tanto as bandas góticas quanto as trilhas sonoras dos vampirescos filmes P&B.
Foto: Ernesto Sacchet
Além do lançamento em vinil de Sistema Solar, Gérson Werlang também apresenta sua nova banda no mesmo dia do lançamento do LP, às 22h, no dia 14 se Setembro. Trata-se do primeiro show do músico em 2017, que terá como palco o Zeppelin Bar (Visconde de Pelotas esquina Venâncio Aires, em Santa Maria - RS). Além do protagonista assumindo voz, violão, guitarra e bandolim, o grupo conta com Vinícius Brum (baixo e voz), Fernando Perusso (teclados e flauta), Vivian Reis (violino) e Pablo Castro (bateria). O ingresso custa R$ 12 e o LP estará à venda no dia do evento via Loja Disco Voador.
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