VÍDEO: Veja aquele que talvez tenha sido um dos últimos registros ao vivo de Belchior

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Artigas - Uruguai: acompanhado pelo pianista João Tavares Filho, o cantor canta "Velha Roupa Colorida"

Acordamos neste domingo (30) com a notícia da morte do cantor/compositor Belchior. Minha principal memória da sua música vem de um LP fantástico: "Alucinação" (1976). Mas ele fez muito mais do que isso, e como exemplar em extinção na música brasileira, seu talento não possui peças de reposição. Um poeta de mão cheia, um intérprete com rara personalidade, uma trajetória que ainda instiga nossa curiosidade e promove seu adeus nos deixando envoltos entre perguntas que possivelmente não serão respondidas. Fica a arte criada por Belchior, única e indivisível da sua figura.

Veja uma retrospectiva em vídeo de Belchior (via Pop Fantasma)

No final da tarde deste domingo, o amigo Paulo Cozer me apresentou uma gravação inédita de 2011 no Uruguai, vídeo ao qual trabalhou como técnico de áudio e vídeo. O incrível dessa captação é que possivelmente essa tenha sido uma das últimas atuações profissionais do cantor. E foi assim que cheguei ao Facebook do músico João Tavares Filho, pianista gaúcho que hoje mora em Roma, na Itália. 
   
"Na primavera de 2011 tive o prazer de conhecer Belchior, que presenciou um concerto meu em Quaraí (RS)). Belchior me convidou para fazermos algo juntos e surgiu, então, o registro 'Ondas Sonoras - Primeiro Movimento' que visava um futuro projeto. A gravação foi realizada por Paulo Coser (Projesom) em 7 de Setembro de 2011, no Centro Cultural do Consulado do Brasil em Artigas (Uruguai), com o apoio da Casa de Arte e Cultura Belchior. Muito me marcou a sabedoria, cultura e simplicidade desse grande artista que hoje partiu. Deixo aqui a minha homenagem, com um eterno agradecimento aos seus ensinamentos", disse o pianista em sua página do Facebook.

Já Paulo Coser, responsável pela captação em áudio e vídeo, nos revelou mais detalhes sobre o projeto: "Além de 'Velha Roupa Colorida' [vídeo liberado neste domingo por Tavares Filho], também gravamos 'Retórica Sentimental' e 'Paralelas'. A ideia da filmagem surgiu do próprio Belchior. Ele tinha em mente fazer um novo projeto com o vídeo. Na época pediu para que não divulgássemos. Agora com o sua morte, o João, resolveu divulgar uma das músicas", disse Coser.

Das três canções registradas no projeto, confira no vídeo abaixo a performance de "Velha Roupa Colorida". Vaya com Dios, Belchior.     

Comentários

  1. Ele passou por aqui em Balneário Camboriú, boas conversas, um ser maravilhoso, poeta e cantador das belas e lindas coisas da vida. Acreditou sempre na vida fraterna, na solidariedade e no amor. Uma divina vida. Suas canções, sua poesia marcaram para sempre nossas vidas. Obrigado querido Belchior.

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  2. absurdo - no sentido positivo da palavra.

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  3. Sua música , poesia , rebeldia e arte com certeza embalou a vida de todos nós que vivemos , curtimos e sonhamos nos anos 70/80 . Monstro eterno.

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  4. dádiva! agradecida, de coração!

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  5. Belchior para mim É (nunca deixou nem deixará de ser, porque o que chegou ao fim foi apenas aquele frágil invólucro corporal que recebera de Deus para passar algum tempo neste Plano terrestre; seu espírito está mais vivo que nunca!) o Poeta-Cantor-Mor deste país! A obra dele é magnificamente bela. Não há retoque vernacular algum a ser feito em qualquer letra de suas composições, e muito menos nas melodias, já que nestas ele se esmerava na proeza de compor uma harmonia ao mesmo tempo simples e comovente (Ouça-se para isso “Pequeno perfil de um cidadão comum”). Aliás, aquelas letras não são meras letras apenas, mas literatura brasileira pura, poemas da melhor qualidade, brotados da iluminação de um espírito multisciente que não perdia o contato com o chão onde pisamos nós mortais comuns sem o mesmo brilho. As escolas, as faculdades de letras, as universidades e a juventude de hoje em dia precisam prestar mais atenção a isso e estudar com profundidade a obra genial de Belchior, assim como o fazem tradicionalmente com Machado de Assis, Olavo Bilac, Monteiro Lobato, Manuel Bandeira, Drummond, Guimarães Rosa, e outros gênios. Há muita coisa a ser pesquisada. Veja-se por exemplo, a riqueza das letras da enigmática A Palo Seco, da incentivadora Sujeito de sorte, do amor arredio em Princesa do meu lugar, da saudade da pureza da vida d’outrora em Galos, noites e quintais. Enfim, para mim Belchior foi o único músico que, sem escrever nenhum livro (ao menos que eu saiba até hoje), saiu dos discos e que-tais, para fazer morada nos escaninhos da literatura brasileira nas estantes das bibliotecas de nosso país. VIVA POETA-CANTOR-MOR! BRAVO!!!

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