"Mad Dog With Soul", documentário sobre Joe Cocker, já está disponível no Netflix

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Através de um amigo, fiquei sabendo da recente incursão no catálogo da Netflix do documentário “Joe Cocker: Mad Dog with Soul”, filme de John Edginton (diretor também de “Pink Floyd: The Story of Wish You Were Here”) sobre a trajetória do cantor britânico morto em dezembro de 2014.

Cocker foi um dos maiores intérpretes do seu tempo – reconhecido por Ray Charles como sua melhor imitação (é claro que podemos considerar essa declaração como o melhor dos elogios). Dá pra afirmar que Joe morreu sem o devido reconhecimento. Jamais entrou, por exemplo, no Rock and Roll Hall of Fame, embora tenha realizado o que, na opinião de muitos, foi a maior performance da história do rock, quando cantou sua versão visceral de “With a Little Help From My Friends” em Woodstock.

Veja!



Cocker simbolizou durante anos o que talvez tenha sido a voz e a estética de um tempo de turbulência e rebelião. O cabelo desalinhado, as roupas amarrotadas, a tremedeira no palco, quando tocava uma guitarra imaginária (ele inventou a air guitar antes de alguém imaginar algo parecido): tudo é analisado por amigos e parceiros de trabalho de Cocker, descrito por quase todos como uma pessoa doce e amigável, mas distante e incontrolável à medida que se afundava nas drogas (qualquer uma) e na bebida.

Joe em Woodstock (1969). Foto: Elliott Landy
Numa das entrevistas, um de seus produtores conta que uma fila de baldes era parte da montagem do palco onde Cocker corria para vomitar inúmeras vezes ao longo das apresentações. Os relatos sobre os altos e baixos (ou mortes e renascimentos) do artista, símbolo desse tempo de rebeldia, ajuda, em certa medida, a explicar o colapso de um projeto de geração. A certa altura sua banda chegou a contar com mais de 50 integrantes – eram nada menos do que quatro baterias, o que levou o artista a encerrar uma cansativa e prolongada turnê destroçado e sem um centavo no bolso.

Das apresentações frenéticas em festivais de rock às canções românticas, como “Up where we belong”, dueto com Jennifer Warnes, saímos do filme com algumas lacunas sobre o homem – sabemos, mas não compreendemos, o que o levou a romper de forma abrupta e rude com o empresário Michal Lang (que também foi idealizador, criador e produtor executivo do Festival de Woodstock) responsável por tirá-lo do limbo na virada dos anos 1970. Nos relatos de sua esposa, também nos deparamos com Joe adepto de uma vida simples, um sujeito que, não fosse a música, seria apenas um tiozinho tranquilo (e provavelmente sóbrio) do interior interessado em churrasco, pescaria e caminhada, como descreve a companheira.

“Mad dog with soul” é uma grande porta de entrada para conhecer um pouco mais de um dos mais importantes, e nem tão reconhecido, nomes da música, mas também uma época, que ainda produz ecos, de revolta e destruição sob o lema de paz e amor.

Veja o trailer. 

Fonte: O que ver hoje

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