O Homem Que Caiu na Terra retorna aos cinemas
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Cultuado filme de 1976 estrelado por David Bowie será exibido em algumas cidades do país
Por Paulo Cavalcanti (RS)
Estes últimos dias
pertenceram a David Bowie. No dia 8, o astro foi celebrado pelos 70 anos que
completaria se estivesse vivo. Já em 10 de janeiro, o planeta lembrou que ele
havia morrido havia exatamente um ano. Para fechar a semana Bowie, ele volta à
tela grande a partir desta quinta, 12, com O Homem Que Caiu na Terra, o
polêmico e cultuado filme que Bowie estrelou em 1976 e que foi dirigido por
Nicolas Roeg. As cópias foram remasterizadas e o filme está na íntegra, com 138
minutos – basta lembrar que ele circulou em muitas versões cortadas e editadas,
especialmente nas cenas de sexo e nudez. O filme será exibido em locais e datas
específicas.
No
filme, Bowie vive Thomas Jerome Newton, um misterioso homem de negócios
supostamente inglês que vai aos Estados Unidos e fica milionário ao fabricar e
patentear uma série de engenhocas incomuns. Na verdade, Newton é um humanoide
que veio de um planeta distante, fugindo de uma terrível seca que devastou o
local e matou sua mulher e filhos. Com a fortuna que acumulou com sua empresa
World Enterprises Corporation, ele pretende construir uma espécie de nave
espacial que possa levar água da Terra para o local de onde veio. Tudo vai
dando certo conforme o planejado, mas o alienígena perde o passo ao começar a
se “humanizar”.
Quando vai a negócios para
o Novo México, ele se envolve com uma funcionária de hotel emocionalmente
carente chamada Mary-Lou (Candy Clark). Ela bagunça a cabeça do impassível
criatura e apresenta a Newton tentações das quais ele não consegue se livrar:
sexo e álcool. Newton começa a experimentar as contradições e complexidades dos
humanos ainda mais depois que passa a ter como mentor o engenheiro e professor
desiludido Nathan Bryce (Rip Torn). O governo norte-americano também ajuda na
derrocada de Newton ao começar a investigá-lo. Afinal, quem seria aquele ser
misterioso fazendo tanta confusão, mexendo no status quo do mundo corporativo e
ainda se intrometendo no programa espacial?
Desde
que lançou o hit “Space Oddity”, em 1969, e quando criou Ziggy Stardust, em
1972, Bowie sempre pareceu incorporar a persona do ser de outro planeta vagando
no espaço ou então perdido na Terra. Quando filmou O Homem Que Caiu na Terra,
o músico estava na fase que chamou de “O Duque Branco Magro”. Bowie estava
mergulhado nas drogas, esquelético e pálido. Este visual de decadência chic
conferiu ainda mais autenticidade para ele que vivesse o visitante de outro
planeta. Mas independente do visual andrógino de Bowie, que é adequado ao
filme, é preciso lembrar que ele era um dos poucos cantores de rock que
realmente sabiam interpretar. O personagem dele é curioso, alienado, vulnerável
e trágico, mas nunca perde a áurea cool. Com seu cabelo laranja e movimentos
teatrais, Bowie preenche a tela com uma presença que não é facilmente
esquecida. Claro, a presença dele é o maior chamariz para os fãs, mas o elenco
de apoio, com nomes não muito lembrados hoje, também acrescenta bons momentos a
este filme incomum.
Quando foi lançado, O Homem Que Caiu na Terra recebeu várias críticas negativas. Os
detratores apontavam que o filme era uma daquelas alegorias auto-indulgentes
remanescentes da contracultura. Alguns escreveram que ele não tinha sentido e
que era muito longo. Mas visto sob uma perspectiva de 40 anos depois, a obra se
sustenta não só como curiosidade. Ela se mantém relevante ao tratar de temas
como o esgotamento de recursos naturais e a ingerência governamental em
assuntos particulares. Apesar do ritmo em alguns momentos se mostrar mais
contemplativo e da narrativa não ser linear, especialmente no terceiro ato, o
filme também traz um pouco da paranoia e alienação dos anos 1970.
O
visual delirante e repleto de cores explosivas criado pelo diretor de
fotografia Anthony B. Richmond se destaca, assim como a trilha sonora. O escore
foi escrito por John Phillips (ex-The Mamas and The Papas). O Homem Que Caiu na Terra é uma verdadeira experiência e vivê-la
na telona é melhor ainda. Na capital gaúcha o filme está sendo exibido no Espaço Itáu Porto Alegre (Av. Túlio de Rose, 80 - Passo d'Areia). Informaçoes sobre horário de exibição ligue (51) 3341-0576.
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