O VIAJANTE DESEMBARCA
Capa do álbum por Diego de Grandi (Divulgação) |
A experiência da estreia é
sempre um momento marcante em nossas vidas. E ninguém está mais aberto a
experiências inéditas do que aquele que viaja - aquele que se pré-dispõe a
encontrar o novo. Esse mote nos indica o clima para o espetáculo desta terça-feira (23), às 20h, no Theatro Treze de Maio. O CD/show “O Viajante”
apresenta a estreia dupla de uma nova banda santa-mariense: a Transneptunia,
dupla porque marca o primeiro show da banda junto ao lançamento de seu primeiro
CD. Ingressos R$ 15 (antecipados, sócios do Treze, estudantes e idosos) R$ 30
(público em geral no dia do evento).
O espetáculo desta é mais uma iniciativa
do Projeto Treze - Palco da Cultura, com promoção da Associação de Amigos do
Theatro Treze de Maio e financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Santa
Maria.
Sleifer, Werlang, Silveira e Campos. Foto: Márcio Grings |
As temáticas das letras de “O
Viajante” relatam a saga desse personagem inspirado na carta “O Eremita” do
Tarô de Marselha, além de promover um tour solitário pelos confins da galáxia,
onde essa figura solitária evoca uma busca a procura de si mesmo, de um conhecimento
evocativo nas suas inúmeras facetas e angústias. Na apresentação no Treze a
apresentação conta com intervenções do ator Jader Guterres, encarnando o
Viajante e também atuando como interlocutor entre banda e público.
Na formação da banda - Sávio
Werlang (vocais e teclas), Maurício Silveira (guitarra), Ícaro Sleifer (baixo)
e Edu Campos (bateria). O show ainda conta com a participação de Edgar Sleifer.
Quanto ao CD e o conteúdo
intelectual da obra, “O Viajante” parte de uma referência no rock progressivo, no
entanto, nos leva para além de uma simples
generalização, pois também podemos reconhecer traços de metal melódico, fusion,
incursões no regionalismo, na literatura e artes plásticas.
O Viajante (por Jader Guterres). Foto: Fabiano Dallmeyer |
Tudo começa com a canção
homônima ao show/CD, onde o tecladista/compositor/vocalista e mentor
intelectual do grupo Sávio Werlang apresenta armas a frente de seu teclado (numa tímbrica a lá DX-7 Yamaha), uma das marcas do álbum, além de alçar a lembrança do grupo canadense
Rush em faixas como “Subdivisions”. “A vida é breve e a busca é longa / Numa
jornada de um instante”.
O trabalho de sobreposições
de guitarras é outro selo encrustado nas canções, crédito para o guitarrista
Maurício Silveira, responsável pela engenharia de som do disco. “Gaudêncio sete
luas”, standard da música regionalista de autoria de Luiz Coronel e Marco
Aurélio Vasconcellos, ganha sua versão mais inusitada. Werlang interpreta como
um autêntico cantador gaúcho, acentuando o contraste entre a intenção original
da composição e até onde ela - a música - pode viajar, afinal “não vai ficar
pra semente quem nasceu pra ventania”.
Ouça "Cisnes refletindo elefantes"
Ouça "Cisnes refletindo elefantes"
Se o CD tivesse um single,
essa música certamente seria “Lembranças”, tema de Gerson Werlang, irmão de
Sávio e ex-companheiro de Poços & Nuvens, banda em que os dois atuaram
juntos por duas décadas. A balada, nunca utilizada em gravações, se destaca
pelo flerte com o pop e blues. “Vento Sul”, primeira faixa revelada do grupo,
ainda em dezembro de 2015, conta com participação de Felipe Zanini (violino) e
de Edgar Sleifer (flauta). Sleifer ainda é um dos destaques de “La Rumorosa”,
número instrumental que também fez parte do repertório de shows da Poços, e que
o Werlang levou mais de uma década para finalizá-la.
Ouça "Teiniaaguá.
Ouça "Teiniaaguá.
“Teiniaguá”, composição espelhada em uma lenda de João Simões Neto, é uma espécie de elo entre o gauchismo urbano e temas envolvendo mundos desconhecidos. Atente para a gaita ponto oito baixos de Werlang, espécie de fantasma dissonante que assombra vários momentos da faixa. “Cisnes refletindo elefantes” busca inspiração na obra de Salvador Dali para forjar uma letra surrealista, e de quebra é também um dos momentos mais interessantes do álbum.
“Ode à lua” traz referências
implícitas à mitologia grega, mais precisamente na lenda de Perséfone, tratando
de temas como a dualidade e a indecisão. E o álbum chega ao seu epílogo com
“Navegantes”, espécie de desconstrução da faixa de abertura e encerramento que
empresta caracteres semi-conceituais ao Viajante transneptunico.
No dia do evento, o CD estará
à venda por R$ 20, e após a noite de terça também poderá ser encontrado na Loja
Disco Voador (Rua Antero Corrêa de Barros, 233).
Ouça "Lembrança".
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