METAL PESADO TIPO EXPORTAÇÃO FORJADO COM SOTAQUE LOCAL

Castro, Licht, Silveira e Dornelles, a Apoteom em formação completa. Foto: Sandro Chaves
APOTEOM LANÇA “PAPER GOD” NO THEATRO TREZE DE MAIO

Quando pergunto ao baixista Mauricio Dornelles qual a diferença entre “Alienation” (2012), primeiro CD da Apoteon, e “Paper God”, novo álbum da banda, ele não reluta: “Bah, a diferença é brutal!”. E esse mesmo sotaque gaúcho acentuado na interjeição logo no início da nossa conversa em um café da cidade, não deixa de ser uma pista de que o som pesado do grupo ganhou novas mesclas. Afinal, essa é uma das marcas da rapaziada, multiplicidade. Esqueça os rótulos. Afinal, em quase uma década de atividade, ele, Pedro Ferreira (voz e guitarra), André Licht (guitarra e voz) e Pablo Castro (bateria), foram aperfeiçoando e maturando conceitos sonoros, algo natural em qualquer banda que prime por um nível profissional e queira dar um passo adiante.

A arte da capa é de Sandro Chaves. Divulgação
E “Paper God” certamente demarca um novo rumo na trajetória do quarteto santa-mariense. Tudo começa pela participação de Leo Mayer, hors concours da produção top de linha no rock local, e que também toca guitarra em cinco faixas do disco. Se no primeiro CD uma das grandes críticas era justamente nesse quesito, agora o buraco é mais embaixo. Tudo soa gringo em uma audição mais atenta. 

Sobre a opção pela língua inglesa, vernáculo em que o som pesado encontra sua maior amplitude, Pedro deixa bem claro seu ideário de atuação: “O meu inglês tem um sotaque que evidencia minha identidade. Acho importante ser intendido e conseguir passar o nosso recado”, avisa. Sim, eles olham pela lupa universal, e deixam claro a tentativa de pavimentar um caminho rumo a uma agenda no exterior.  E essa missiva está encrustada nas canções de “Paper God”, um manifesto contra o mundo regido pela ganância e pelas organizações monetárias que oprimem e colaboram com a miséria mundial.  

Clayton Machado caracterizado como Mamon. Maquiagem Brenda Bugs
Das 11 músicas, destaque para a regravação da faixa título do primeiro CD (com participação de Bruno Vaz, da Furia Rockpaulera), a homônima “Paper God”, além de “Colapse” (ouça no player abaixo), nova faixa revelada como lyric vídeo na última quarta-feira (3). Se o CD começa enganando a torcida com a faixa acústica “The Power Rise”, logo tudo fica muito claro com “Power Game”.  “Bring me someone new” traz um dos melhores riffs do disco e “Rise again” surge com a participação do músico Edilberto Bérgamo e sua surpreendente cordeona ao estilo gauchesco, proporcionando um tom melancólico com familiaridade regional. A sonoridade encardida no início de “Conformity”  com o cruzamento acústico de um violão, é outro engana bobo ao estilo Black Sabbath, que soa como uma vinheta iluminada em meio ao cinza chumbo da temática dominante da obra.

O resultado de tudo isso é um metal pesado tipo exportação forjado com sotaque local. Heavy metal com traços de trash, mas repleto de cadafalsos e inserções que impossibilitam rotular a Apoteom, o que é provavelmente uma das grandes virtudes da banda. Um som pronto pra ganhar o mundo que gosta de chacoalhar a cabeça ao som de guitarras pesadas, baterias rápidas, baixos potencializados por efeitos e vocais ao estilo de James Hetfield. 


E quanto ao lançamento de "Paper God", que acontece no próximo sábado (6), às 19h, aqui em Santa Maria, é bacana ver o Theatro Treze de Maio abrindo suas portas para o som pesado feito aqui. Ingressos R$ 12 (estudantes, sócios e idosos), R$ (antecipados/público geral) e R$ 25 (no dia do espetáculo).

A produção do evento é assinada pela MaGmA Produções, com direção geral de Agnaldo Gomes. A apresentação é do Projeto Treze - Palco da Cultura, com promoção da Associação de Amigos do Theatro Treze de Maio e financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria. 

Ouça a faixa título.

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