FILME: “LOVE & MERCY", A HISTÓRIA DE BRIAN WILSON, LÍDER DOS BEACH BOYS
Cartaz norte-americano. Divulgação Sony |
Capa do DVD nacional. Divulgação |
O longa começa na faixa de tempo em que a banda já é sucesso absoluto nas paradas norte-americanas. Porém, "Love & Mercy" focaliza a virada da chave de Brian em não apenas refinar a discografia
da banda, como também obsessivamente aproximá-la do conceito de arte. O
resultado desse esforço é “Pet Sounds” (1966), um dos mais respeitados e amados
álbuns lançados no universo do rock and roll em todos os tempos.
E dois atores foram
escalados para reviver a história do músico. Paul Dano (Os Suspeitos, Cowboys & Alliens), nome que compõe o jovem Brian nos anos 1960, é sem dúvida o maior acerto do filme. Contudo, a
escolha de John Cusack (Alta Fidelidade, 2012) focalizando o ídolo em seu período mais crítico, durante
os anos 1980, vem gerando uma série de avaliações negativas. Já o sempre ótimo Paul
Giamatti (12 Anos de Escravidão, Sideways) é Eugene Landy, um doente mental com registro
profissional de psicólogo que controla a vida do músico em tempo integral, além
de mantê-lo dopado 24h por dia.
Paulo Dano, o Brian Wilson dos anos Divulgação Sony |
Em grande parte pela atuação de Dano, o enfoque em "Pet Sounds” é uma das melhores reconstituições da história. Muita gente não sabe, mas não foram os Beach Boys a
banda base a ser utilizada nas gravações do álbum. Brian chamou o The Wrecking
Crew, time formado por experientes músicos residentes na Costa Oeste americana (entre
eles nomes de peso como do tecladista Larry Knechtel e do baterista Hal Blame) que gravavam com meio
mundo - independente do gênero musical do contratante. Com gravações realizadas
no estúdio da Capitol, em Hollywood, e direção de Brian, as sessões ocorreram durante o tour dos Beach Boys no Japão, quando o músico foi substituído na estrada por Bruce Johnston.
Quando Carl, Dennis, Al e Mike voltaram do
Oriente, o disco estava praticamente gravado, faltando apenas os vocais. E a história no filme joga luz no surgimento de canções como “God Only Knows” e “Wouldn’t It Be Nice”, expõe (uma pequena parte) das
loucuras, esquisitices e genialidades de Brian regendo sua obsessão pelo take perfeito. Fatos como esses nos colocam dentro do estúdio para apreciarmos a construção de um clássico. Outro detalhe que empresta legitimidade a essa recriação de época: grande parte do desenho de som foi feito a partir de faixas isoladas - e originais - das sessões de gravação de "Pet Sounds" e "Smile", fragmentos completos já conhecidos em algumas em edições piratas. E ainda temos um Paul Dano inspirado - construindo o personagem mais proeminente do elenco. Dano não apenas nos convence, como também emociona numa representação fidedigna do mentor intelectual dos Beach Boys, revelando a dicotomia maior de muitos artistas - a alternância entre o estado de graça, e o tormento de conviver com demônios e fantasmas.
Elizabeth Banks. Divulgação Sony |
uJohn Cusack, o Brian Wilson dos anos 1980 |
Brian Wilson entre os Beach Boys de "Love & Mercy" |
Para o célebre maestro e compositor Leonard Bernstein, Wilson é um dos maiores compositores do século XX. Segundo Paul McCartney, “Pet Sounds” foi a principal influência e uma das inspirações para a construção de outro baluarte do rock “Sgt. Pepper`s Lonely Hearts Club Band”, histórico álbum dos Beatles, de 1967. Quanto ao filme, o saldo final é positivo. Principalmente, se assim como eu, você for fã de Beach Boys. Faz tempo Brian Wilson merecia uma cinebiografia que resgatasse sua importância dentro da cultura pop mundial. E “Love & Mercy” cumpre perfeitamente essa função.
Em tempo: outro de seus irmãos, Dennis Wilson, também merecia um filme. Dennis morreu afogado em 1983.
Cotação: *** 1\2
Veja o trailer.
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