CURTA METRAGEM E FILME EM DVD: BEBETO ALVES A TODO O VAPOR
Bebeto em "Rito Sumário". Divulgação |
Entrevistas com Bebeto Alves e Rene Goya Filho
Por Márcio Grings
Como promotor local do show de “Mandando Lenha” em Santa Maria, acabei por várias vezes conversando com Bebeto Alves, músico gaúcho que foi protagonista desse marcante trabalho da música regionalista. O apresentação foi nessa quinta-feira (13) no Centro de Eventos do Hotel Itaimbé. “Mandando Lenha”, o show, ainda estará no palco do Theatro São Pedro, na capital gaúcha, dia 13 de novembro.
Por Márcio Grings
Como promotor local do show de “Mandando Lenha” em Santa Maria, acabei por várias vezes conversando com Bebeto Alves, músico gaúcho que foi protagonista desse marcante trabalho da música regionalista. O apresentação foi nessa quinta-feira (13) no Centro de Eventos do Hotel Itaimbé. “Mandando Lenha”, o show, ainda estará no palco do Theatro São Pedro, na capital gaúcha, dia 13 de novembro.
Virando a página, aos 60 anos, Bebeto está com o pé no acelerador, trabalhando muito. Além
da vida música de músico, com discos e shows, ele também fotografa (já fez exposições),
trabalha eventualmente como ator, entre outras coisas.
RITO SUMÁRIO
Na grande tela, sua última atuação pode ser vista no curta-metragem “Rito Sumário”. Na história do filme, Bebeto faz parte de uma quadrilha que comete fraudes com cartões roubados de benificiários do INSS. Usando como mote esses golpes, o diretor Alexandre Derlam revela uma realidade caótica, suja e violenta das grandes cidades.
Na grande tela, sua última atuação pode ser vista no curta-metragem “Rito Sumário”. Na história do filme, Bebeto faz parte de uma quadrilha que comete fraudes com cartões roubados de benificiários do INSS. Usando como mote esses golpes, o diretor Alexandre Derlam revela uma realidade caótica, suja e violenta das grandes cidades.
Veja o teaser do filme.
Perguntado sobre o trabalho como ator e de que forma isso o influencia
na música que faz, sua resposta é interessante:
“Me auxilia na criação de um entendimento da minha própria criação. O
cinema é um dos elementos mais fortes da minha musica”.
E complementa:
“Me sinto a vontade atuando. Como influência e referência, grande parte
do que senti a respeito da musica e de atuar vem do cinema”.
No último final de semana, o filme concorreu na Mostra de Curtas Gaúchos
do Festival de Gramado. Ganhou dois prêmios: Melhor Ator (Carlos Azevedo) e
Melhor Música (Bebeto Alves). Na trilha, Bebeto usou alguns trechos de
“Sympathy for the devil”, dos Rolling Stones.
“Eu completei a ideia da trilha com essa música dos Stones por achar que
cabia no roteiro do filme”, disse o músico.
A influência da banda inglesa é captada de uma forma mais ampla, não apenas como inspiração, mas principalmente pela linhagem:
“A minha relação com a música stoneana é mais do que o que ela
representa dentro de um imaginário musical. Pra mim é um elemento visceral, faz
parte do meu caráter estético, artístico e postural”, afirmou o artista.
Em 2005, no CD “Blackbagualnegovéio” ele já havia nos apresentado uma
versão milongueira de “Paint it black” (Ouça AQUI). E concluindo sua fala sobre o filme,
Bebeto se diz satisfeito com o resultado final dessa participação:
Divulgação |
“Foi um grande prazer compor o elenco do filme por se tratar de pessoas
que já há muito tempo venho trabalhando. Com o Carlos Azevedo, por
exemplo, já tinha trabalhado no teatro. Enfim, coisa pra lá de prazerosa”.
MAIS UMA CANÇÃO
MAIS UMA CANÇÃO
Ainda falando em filmes, em 2013 Bebeto ganhou um presente. Exibido nos
cinemas como um longa-metragem de 96 minutos de duração, o documentário “Mais
uma Canção” com direção de Rene Goya Filho e Alexandre Derlam (mesmo de “Rito
Sumário) destaca a trajetória artística de Bebeto Alves. Além disso, o filme propõe uma espécie de investigação da milonga. Um dos realizadores do filme destaca a grandeza do protagonista:
“O filme conta a história de alguém que produz fora dos grandes polos
culturais do país. Bebeto sempre foi muito generoso em nunca interferir, tanto
na produção quanto no roteiro do que produzimos. Ele é uma pessoa em movimento
constante, incansável nessa visão artística. E a grandeza dele como artista é
inegável, independente de ter feito sucesso ou não com o grande público”, declara Rene Goya,
um dos diretores do projeto.
Cartaz de "Mais uma canção" |
“Mais Uma Canção” é um filme onde quis me expor, expor o que eu pensava
e deixar transparecer o que os outros pensavam ou pensaram um dia. Ele parte de uma cena musical no sul do Brasil, da minha história dentro desse
contexto, para aprofundar outras questões. Por exemplo, a minha relação com o
mainstream, através de produtores e um executivo como o Andre Midani, para
esclarecer certas coisas quanto a minha trajetória e buscar uma linha de
identificação no norte da África e na Península Ibérica no que se estabelece
como a cultura sul brasileira; dar certos pontos, fazer algumas traduções
importantes para o nosso cenário e esclarecer qual é a nossa contribuição para
a composição dessa célula cultural da qual somos feitos. Apesar do tempo e da trajetória, vejo tudo ainda muito fresco, novo. Acredito que fizemos uma viagem de descoberta às avessas”.
E Goya também chama à atenção para a importância de ter revelado uma fragmento significativo da jornada musical do estado:
“Nossa memória é curta aqui no Brasil, e esse trabalho tem a função de
jogar luz nessa história. A geração da música urbana criada em Porto Alegre nos
anos 1970 e 80 tem uma riqueza musical muito grande, e desconhecida até hoje
por muita gente. A sensação é a de que ajudamos a resgatar parte dessa trilha
sonora e desses personagens, com seu jeito bem característico de ser, pensar e
cantar a nossa aldeia”.
Divulgação |
E concluindo, Bebeto ainda reflete sobre as mazelas de continuar avançando no mapa artístico de um território inóspito:
“Quando paro pra pensar sobre tudo isso, tenho uma sensação
de uma riqueza enorme que está ainda para ser descoberta. Penso que nossa arte,
nesse Estado bruto, grosseiro, avesso à arte e a cultura, é uma arte póstuma,
vai ficar para daqui a 50 anos, talvez. Mas, sinto uma alegria de estar vivendo
meu tempo com tamanha intensidade”.
Depois de ter tocado em Santa Maria, Bebeto Alves pode ser
encontrado em vários lugares. Violão em punho, máquina fotográfica apontada
para o mundo, na tela dos cinemas, ou em lugares inimagináveis para muitos, certamente não para ele. Afinal, como
diz o produtor Sérgio Carvalho em “Mais uma canção”:
“Ele [Bebeto] é peripatético. É um cara que não consegue
ficar parado”.
Veja o trailer de “Mais uma canção”.
Comentários
Postar um comentário