CÊ TÁ ´PENSANDO QUE EU SOU LOKI, BICHO?
Fotos: Gika Oliva
Em primeiro lugar, fazer um show em homenagem a Arnaldo Baptista, é um ato de coragem. Tem que ter peito pra reproduzir aqueles vocais fantásticos e os pianos elaborados de um dos músicos mais talentosos do rock nacional. Rock? Dizer que Arnaldo está arraigado apenas a um gênero, é diminuir sua trajetória. Foi o que podemos constatar em “Mutante – as cores e os sons de Arnaldo Baptista”, espetáculo protagonizado por Adriano Zuli, na última terça-feira (07), no Theatro Treze de Maio.
Zuli, piano man. Foto: Gika Oliva[/caption]
Na apresentação, Zuli encarna o Mutante com requintes de preciosismo. Seja nos traquejos cênicos, no vocal pareado ao ídolo, na composição de palco que espelha o atual show do Mutante, na execução dos arranjos, mas principalmente pelo cuidado e profissionalismo envolvido em cada detalhe. O resultado final salta os olhos. E onde está a guitarra? Assim como o álbum ”Loki”, pivô do repertório da noite, Zuli não utiliza o instrumento. É o piano que manda. Próximo ao fim do set, Rodrigo Cassuli e Bruno Sesti propulsionam o repertório com baixo e bateria.
Sing alone. Foto: Gika Oliva
Na setlist, canções dos Mutantes e temas como “Não estou nem aí”, “Sunshine” e “Desculpe”, “Cê tá pensando que eu sou loki” e “Vou me afundar na lingerie”.
Como não ficar impressionado com a imagem poética de uma letra como a de “Ai garupa”:
"É uma canção / Que fala de você / Que me reduz o traço / Que me arrebenta o aço / Eu passo / Passo pelo corredor numa motocicleta / Marcando todo veludo vermelho do chão”.
Bruno Sesti (bateria), Zuli e Rodrigo Cassuli (baixo). Foto: Gika Oliva
“Foi inspirador, Zuli encarnou a coisa. Parece que só ele poderia fazer esse tributo. Acho que foi um dos shows mais bacanas que eu já vi”, disse Guilherme Barros, guitarrista da Nocet.
Já Vinicius Nicolini, o Vudu, baterista da Geringonça, não escondeu sua empolgação no Facebook; “Quando terminou, eu estava arrepiado. Não foi apenas uma apresentação monstruosa (...), além disso, uma produção impecável”. E completou: “a entrada de banda em palco mais bem sacada que já vi ao vivo!”, se referiu Vudu, quando na parte final Sesti e Cassuli são revelados de surpresa ao fundo do palco.
Arnaldo muito bem representado no Treze. Foto: Gika OlivaCenografia alude os atuais shows do Mutante. Foto: Gika Oliva
Ainda falando sobre a tríade piano/baixo/bateria, lembro que em 1970, Elton John ganhou a América com esse formato. O músico inglês caiu no continente como um extraterrestre invadindo o palco do Troubador, em Los Angeles. Guardada as devidas proporções, nas teclas, meio Jerry Lee, Little Richard, me lembrei daquele momento de Eltinho em LA. Em alguns momentos, o músico deu os ares eruditos de Pollini como se estivéssemos assistindo um concerto de Lizt. Palhaço Zuli, muito Arnaldo com sua voz e a o piano do Treze, sem dúvida, o resultado desse somatório foi um dos melhores shows musicais do ano em Santa Maria.
No intervalo entre as músicas, Zuli contava histórias da carreira de Arnaldo. Foto: Gika Oliva
E quando temos talento e trabalho duro associado a um nome maiúsculo como o de Arnaldo Baptista, num local como o Treze, repleto de um público interessado e curioso, essa conjunção é uma espécie de poção mágica de que são feitos os sonhos. Todos juntos, como uma pessoa só. Inesquecível.
Final empolgante. Foto: Gika Oliva
"Obrigado, gente!". Zuli se preparou quatro meses para o espetáculo. Foto: Gika Oliva
Luz de Luiza de Rossi dialogou com a temática do espetáculo. Foto: Gika Oliva
Comentários
Postar um comentário