Bom dia, segunda-feira!
Chato de galochas. Você já
ouviu essa expressão, não é? Aparentemente extintas, as galochas eram uns
sapatos de borracha que adaptados por cima dos calçados normais, possibilitavam
se sair na chuva. E sempre tinha um chato que entrava na casa alheia sem tirar
a tal galocha e molhava tudo. Era o “chato de galochas”.
Sem nenhum tipo de agente complicador, segunda-feira já é um
dia embaçado. Imagine então quando tudo parece colaborar para tirar você do
sério? O nosso chato de galochas nunca foi a nenhuma espécie de médico pra
diagnosticar algum nível de bipolaridade. Sabe por quê? Tem certeza que ouvirá
algo do gênero: “Meu caro você sofre de um tipo de transtorno bipolar do tipo
XYZ...” E blá, blá, blá! No entanto, eis que muitas vezes, ele mesmo percebe
oscilações de humor que o tornam um ser insuportável. O primeiro passo é
reconhecer esse problema. Pois bem, ele reconhece. Não precisa de nenhum
especialista prescrevendo receitas médicas ou algo parecido.
Voltando a falar sobre a última segunda, imagine a seguinte
situação: você compra um aspirador de pó pra poder limpar seu carro e assim,
consequentemente acabar com toda aquela sujeira depositada há semanas no
carpete do veículo. Massa! Nada como começar a semana higienizando as coisas.
Segundo nosso personagem, há uma analogia com a “limpeza” da vida de cada um de
nós, quando executamos uma faxina dessa linhagem. Pode lhe chamar de doido, mas
ele realmente acredita nisso. Deve ser algum tipo de TOC. Voltando ao aspirador
e o automóvel, daí que o tal aparelho, novinho em folha, funciona 10 minutos e
dá pau. Não funciona mais! Liga pra loja onde parcelou a droga do aspirador,
reclama do acontecido, e simplesmente a atendente não localiza o nome dele
entre o cadastro de clientes da empresa. Soletra seu sobrenome três vezes e
depois disso a moça avisa que o sistema entrou em pane. É...
E tem mais. Em seguida, logo depois de desistir da limpeza,
vai pro PC, tenta concluir um trabalho no computador e a máquina parece estar
se recuperando de um porre homérico. É tanta lentidão no processamento de cada
clique, que seus nervos ficam ainda mais a flor da pele. Ele reinicia o PC e a
coisa continua preocupante!
É quando a gota d’água faz o copo transbordar. Já a beira de
um infarto resolve tomar um banho pra relaxar. É quando então descobre que
aquele vazamento que parecia ter cessado no chuveiro, voltou com tudo e está
prestes a inundar o banheiro com um incessante pinga-pinga dos infernos. Sim,
tudo pode ficar pior. Bufando e soltando fogo pelas ventas, chega a pensar em
calçar as extintas galochas para sobreviver à nova inundação.
Tem chatice que resista a uma provação dessas? Pede arrego
aos céus e se joga na cama do quarto. Deita-se de bruços nos lençóis
desarrumados, fecha os olhos, respira fundo e afunda o rosto no travesseiro de
penas. Eis um chato “sem galochas” que perdeu as forças.
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