Bom dia, segunda-feira!




Crônica #40 publicada no Diário de Santa Maria 26.04/2013 | N° 3437

Chato de galochas. Você já ouviu essa expressão, não é? Aparentemente extintas, as galochas eram uns sapatos de borracha que adaptados por cima dos calçados normais, possibilitavam se sair na chuva. E sempre tinha um chato que entrava na casa alheia sem tirar a tal galocha e molhava tudo. Era o “chato de galochas”.

Sem nenhum tipo de agente complicador, segunda-feira já é um dia embaçado. Imagine então quando tudo parece colaborar para tirar você do sério? O nosso chato de galochas nunca foi a nenhuma espécie de médico pra diagnosticar algum nível de bipolaridade. Sabe por quê? Tem certeza que ouvirá algo do gênero: “Meu caro você sofre de um tipo de transtorno bipolar do tipo XYZ...” E blá, blá, blá! No entanto, eis que muitas vezes, ele mesmo percebe oscilações de humor que o tornam um ser insuportável. O primeiro passo é reconhecer esse problema. Pois bem, ele reconhece. Não precisa de nenhum especialista prescrevendo receitas médicas ou algo parecido.

Voltando a falar sobre a última segunda, imagine a seguinte situação: você compra um aspirador de pó pra poder limpar seu carro e assim, consequentemente acabar com toda aquela sujeira depositada há semanas no carpete do veículo. Massa! Nada como começar a semana higienizando as coisas. Segundo nosso personagem, há uma analogia com a “limpeza” da vida de cada um de nós, quando executamos uma faxina dessa linhagem. Pode lhe chamar de doido, mas ele realmente acredita nisso. Deve ser algum tipo de TOC. Voltando ao aspirador e o automóvel, daí que o tal aparelho, novinho em folha, funciona 10 minutos e dá pau. Não funciona mais! Liga pra loja onde parcelou a droga do aspirador, reclama do acontecido, e simplesmente a atendente não localiza o nome dele entre o cadastro de clientes da empresa. Soletra seu sobrenome três vezes e depois disso a moça avisa que o sistema entrou em pane. É...

E tem mais. Em seguida, logo depois de desistir da limpeza, vai pro PC, tenta concluir um trabalho no computador e a máquina parece estar se recuperando de um porre homérico. É tanta lentidão no processamento de cada clique, que seus nervos ficam ainda mais a flor da pele. Ele reinicia o PC e a coisa continua preocupante!

É quando a gota d’água faz o copo transbordar. Já a beira de um infarto resolve tomar um banho pra relaxar. É quando então descobre que aquele vazamento que parecia ter cessado no chuveiro, voltou com tudo e está prestes a inundar o banheiro com um incessante pinga-pinga dos infernos. Sim, tudo pode ficar pior. Bufando e soltando fogo pelas ventas, chega a pensar em calçar as extintas galochas para sobreviver à nova inundação.

Tem chatice que resista a uma provação dessas? Pede arrego aos céus e se joga na cama do quarto. Deita-se de bruços nos lençóis desarrumados, fecha os olhos, respira fundo e afunda o rosto no travesseiro de penas. Eis um chato “sem galochas” que perdeu as forças.

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