Além da vida
Crônica #14 publicada no Diário de Santa Maria 19.10/2012 | N° 3277
Narrativas do além-morte instigam muitos de nós. Não é novidade o tema ganhar destaque na mídia. No entanto, um caso bem peculiar vem chamando atenção da imprensa mundial. Um respeitado neurocirurgião e professor de Harvard que ficou em coma depois de uma rara infecção bacteriana no cérebro disse que, mesmo com a cuca clinicamente pifada e quase sem chances de sobrevivência, passou por um reino espiritual. Ele lançará um livro relatando sua história. Um detalhe importante: o Dr. Eben Alexander é especialista em detectar e tratar danos cerebrais. A descrição do médico é tão rica, tão cheia de detalhes que realmente nos leva a crer que ele não está inventando nada disso. Tanto que a revista Newsweek deste mês fez uma matéria sobre sua experiência. Fiquei sabendo da história através da rádio Gaúcha, no programa Polêmica, na edição da última segunda-feira. Para debater o tema, o apresentador Lauro Quadros trouxe ao estúdio quatro convidados: três médicos e um padre/teólogo.
Todas as argumentações e opiniões expressadas no decorrer do programa foram muito interessantes. Mas é claro que os ouvintes não elucidaram suas dúvidas, bem pelo contrário, o que fica no ar são as mesmas velhas perguntas. Não tem jeito: não há filme, livro ou relato que nos dê com exatidão o caminho das pedras nesse lance de vida após a morte.
Eu acredito que muitas vezes não há tempo a perder com elucubrações como essas. Gosto muito de uma frase de John Lennon, eu não lembro se está em uma de suas músicas ou se disse em alguma entrevista: “Vida é o que acontece enquanto estamos ocupados fazendo planos”. Ou seja, antes de nos preocuparmos como rolam as pedras ao batermos as botas, o importante é vivermos a vida antes da morte chegar.
Como um homem que aprecia sua passagem pelo planeta, eu não costumo discorrer muito sobre esse assunto. Sinceramente nem mesmo sei por que resolvi escrever sobre isso. Apesar de, eventualmente, torcer o nariz no que sobrepuja nossa vida terrena eu creio, sim, na existência de um Criador benevolente que manuseia seus títeres de algum lugar. Acredito na fé e na oração, mas detesto livros e filmes espíritas, refuto qualquer tipo de autoajuda com receita prescrita, enfim, certamente, em primeiro lugar, precisamos dar cabo de nossas atividades e relações enquanto estamos vivendo nossa vida atual (se é que já existiu alguma antes ou existirá outra depois).
Apesar das minhas convicções, é claro que não há certeza de nada (quem sou eu?), e até fiquei instigado com o livro do Dr. Eben Alexander. Quando a publicação sair por aqui, quem sabe, até dê uma folhada em suas páginas. Afinal, como qualquer humano em plenas faculdades mentais, eu sou um cara curioso.
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