Antes que o mundo acabe - Capítulo 1


Lá vai ele, tropeçando nas próprias pernas, meio caminho entre a cozinha e o quarto vazio cheio de livros pelo chão e folhas de jornal espalhadas pelo assoalho impecavelmente limpo. Ele mantém pechas e pendengas que persistem em fazer barulho dentro de sua cabeça. Como uma mescla de sonhos e pesadelos que invariavelmente sobrevoam o travesseiro daquele pobre homem todas as noites. Uma série interminável de sensações indecifráveis que o confundem o tempo todo. Fica aquela sensação de ter perdido uma peça fundamental do quebra-cabeça, e por isso, será impossível decifrar o enigma por completo. Sempre que para pra pensar (e isso acontece o tempo todo), Arthur percebe que o melhor seria encontrar uma espécie de platô, ou redoma de vidro a prova de tudo aquilo que ele teme. Um lugar onde ele pudesse desfrutar da ausência de qualquer tipo de pensamento. Mas ele tinha plena consciência da impossibilidade disso acontecer. Zero! Por isso, uma nova garrafa de vinho teria sua rolha desobstruída em instantes. Quando o líquido lentamente desaba sob a taça, segundos antes de ele tomar o primeiro gole, a dor já parece reconhecer o seu adversário de maior respeito, até então.
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