Um homem caminhando entre os trovões


Todo homem deveria saber: nunca é tarde pra sacudir as coisas. Eu já sei que de tempo em tempo alguém precisa pisar fora da faixa de segurança & incitar o viés reacionário implícito em cada um. Eu posso trancafiar aquele filho-da-puta engravatado que chega cagando regras dentro da minha cabeça. Ele gruda o pé na porta & vai dizendo o que devo & o que não posso fazer! Esse meu EU de terno & gravata pensa que pode me derrubar com seu falso moralismo & regras. Que vá pro quinto dos infernos! Regras foram feitas para serem quebradas.

Sou o homem que brada o hino da manhã. Nas quebradas de um desejo é aonde posso ver as coisas como elas são. São Pedro eu imploro: me traga chuva, vento & o cinza. Cinzas que soterram tudo aquilo que já foi. Foi bom ter corcoveado no lombo da beleza. E a beleza cobra a seu tributo todos os dias na minha vida. E minha vida vai descendo a lomba atrás daquela miragem passível ao meu toque. Posse ou soma da ação de sacudir os trapos de vez em quando.

Quando eu ficar nu na frente do espelho vou assumir o vermelho encarnado na ausência do cinza chumbo. Doce inconsciência ao cortar a noite em duas com o meu EU vagabundo. Vira-mundo pra peitar a consciência & quem sabe dar um gás na total falta de juízo. O juízo será o próximo a ficar descalço na frente do HOMEM. E como homem quero dormir com os meus desejos custe o que custar.

Nada de 'deixa estar' ou troco de nome no segundo seguinte quando nada acontecer. Vou descer de novo, colocar o chapéu & voltar pela mesma estrada de onde vim. Antes de decretar o fim eu lembro que deixei alguma coisa perdida por lá! Ah, na verdade preciso ouvir os trovões entortando a paisagem ao meu lado. Não consigo sobreviver ao silêncio. Estou atento aos rumores da minha alma.

Comentários

  1. Oiii Grings! Continuo me inteirando e me deliciando com teus textos! Saudade! Bjos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário