O guitarrista


Eu quero a confusão & a intensidade da cor vermelha. O lusco-fusco da lua néon pingando pelo chão intumecido & a umidade verde musgo lambuzando meus pés. Eu procuro a incerteza do improviso & o traquejo de uma madrugada empastada de excessos. Outra vez quero sentir o toque abrasivo de vozes estranhas no meu ouvido & confessar na boa os meus pecados pelo confessionário dos bares.

Não preciso encobrir o cheiro de Bourbon na minha barba. Nem abaixar o volume desse blues torto que atravessa antes do tempo. Quero ouvir o trote do animal que esperneia em minha alma. Os matadores já estão com as armas apontadas pro bicho, mas os tiros não podem detê-lo... Não tem dó maior que harmonize o olhar-espingarda daquela garota drogada. Toda vez que eu meto um acorde ela fecha & abre seus olhos de anjo. Aquela mulher tem a tristeza e a beleza em fuga dos decaídos



Eu & ela precisamos da distorção do meu cubo valvulado.

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