Resenha: DivulgaçãoNa Natureza Selvagem
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Krakauer relata toda a história do garoto de família rica, que após concluir sua graduação, abandona o conforto do lar, para em seguida cair na estrada como um autêntico beatnik deslocado de seu tempo. Em "Viajante Solitário" (Lonesome Traveler), Jack Kerouac já previa a extinção do autêntico vagabundo americano. Sua retórica passava por defender andarilhos ilustres, e Jack relembra algumas figuras históricas como Jesus Cristo e Benjamin Franklin, que segundo ele, curtiam como poucos o exercício da vagabundagem. Ainda na linha de raciocínio do rei dos Beats, o vagabundo whitmanesco estava com os dias contados devido a truculência do capitalismo americano e principalmente ao crescente culto a sociedade de consumo, que já começava a ser percebida pelo visionário escritor de "On The Road" no final dos anos 40. "Tenho um bom chapéu na cabeça / uma trouxa as costas / o meu bordão /a brisa refrescante e a lua cheia."- pois essa livre associação do poema de Dwight Goddard, entre idealismo, audácia, individualismo e culto a natureza, cai como uma luva na caracterização do personagem que o jovem McCandles iria em breve se tornar.
Acreditando na mítica do andarilho universal, ele mudou o nome para Alexandre Supertramp, doou suas economias para uma instituição de caridade, abandonou o carro no deserto, queimou documentos, cartão de crédito e a alguns míseros dólares que tinha no bolso, para logo em seguida, girar pelos Estados Unidos em busca de seu genoma original. Sobrevivendo através de sub-empregos e pela generosidade de pessoas que encontrou ao longo de sua trajetória, Supertramp perseguia a besta besta primordial que estava enjaulado em si próprio, e que segundo suas convicções seria libertada nos confins do Alaska. Como um obstinado, acreditava que seu isolamento no continente gelado, o fizesse voltar no tempo e sentir um sopro do mesmo ar imaculado que fomentou seus heróis imaginários. Jack London ficaria orgulhoso!!
Sempre que surge uma nova adaptação de uma grande história como essa, é previsível que ouçamos o velho bordão: - o livro é melhor que o filme. No caso de "Na Natureza Selvagem" eu diria: - leia o livro e veja o filme. O Longa-metragem adaptado pelo ator-diretor Sean Penn (que também assinou o roteiro da produção) é simplesmente sublime, como também podemos constatar que as duas obras se completam. Sean Penn filmou o épico no mesmo local onde a história realmente aconteceu e além das belas locações no Alaska, a música de Eddie Vedder promove um enlace perfeito entre a trama e a paisagem. Amigo pessoal de Penn, Vedder compôs uma dezena de pequenas canções folk, rock violeiros e diminutas pérolas que alinhavam os momentos mas decisivos do filme. Confira parte dessa comunhão em "Hard Sun".
Ironias a parte, a película foi praticamente ignorada na última edição do Oscar. Levou apenas duas estuetas: melhor montagem e ator coadjuvante (para o veterano Halbrook). Apesar de levantar sem contundência a bandeira do anarquismo, o filme expressa uma explícita desilusão com os atuais rumos da sociedade americana. Muitos dizem que Sean Penn encontrou em Chris McCandles seu alter ego. Talvez seja verdade. Mas o certo é que o diretor fez desse filme um de seus projetos mais pessoais. Destaque para Emilie Hirsh, perfeito como protagonista - e no maior papel de sua carreira (no ótimo "Heróis Imaginários" ele já havia demonstrado que tinha café no bule). Uma curiosidade: Durante 10 anos Penn tentou convencer a família McCandles e Krakauer a encamparem o projeto da adaptação para o cinema. As negociações se arrastaram por tanto tempo que o ator inicialmente escalado para interpretar o jovem aventureiro - Leonardo DiCaprio, ficou velho demais para o papel. No final das contas, Emilie Hirsh, seu substituto, tem 22 anos, 11 a menos que DiCaprio. Resumir o filme em uma frase? EMOCIONANTE!!
Grande Márcio, sempre proporcionando fortes emoções com suas dicas.... filme tocante, fotografia e trilha ....sem comentários!!! Forte abraço!
ResponderExcluirSe eu chorei lendo o livro, imagina com o filme!! Bjus da Bia
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