HISTÓRIA DO ROCKABILLY NO BRASIL É CONTADA EM LIVRO
Eduardo Molinar, um especialista nos primórdios do rock. Divulgação |
JORNALISTA
CRUZALTENSE FORMADO NA UFSM É AUTOR DA PUBLICAÇÃO
Eduardo Molinar não é
apenas um fã de rockabilly, um dos gêneros ancestrais do rock como conhecemos hoje.
O jornalista cruzaltense que atualmente vive em Santa Maria foi além: apaixonado pela
temática desde os oito anos, se tornou um dos maiores especialistas do gênero
no país. Prova disso é o livro que acaba de publicar, “Rockabilly Brasil” (184
pág, R$ 35), um trabalho independente que pela primeira vez resgata a história
dessa expressão musical segregada ao esquecimento da grande mídia, ou tratada
erroneamente como uma relíquia do passado.
Grosso modo, como
banda, o rockabilly nasceu apoiado no tripé guitarra, baixo acústico e bateria.
Elvis Presley é o ícone maior do gênero. Filmes como “O Selvagem” (1953), com
Marlon Brando, e “Juventude Transviada” (1955), foram afluentes comportamentais
que impulsionaram os greasers (EUA), teddy boys
(UK), rapaziada influenciada pela cultura rockabilly, além das pin up’s,
símbolos de liberdade e rebeldia feminina.
“Elvis é meu grande
ídolo, e não só nas suas origens no rockabilly, mas como uma figura da cultura
pop admirada ao longo da vida. Se não fosse ele, nada disso teria
acontecido”, disse Molinar em entrevista ao Segundo A Razão. O autor também cita a importância de dois
atores do cinema norte-americano para o movimento: “Através de seus personagens, a influência ideológica de James Dean e Marlon Brando foi definitiva
para a construção do rockabilly que conhecemos hoje”, conclui o jornalista.
A capa e diagramação são de Estevan G. Poll |
No livro o autor faz um
resgate dessa história que invadiu os dois principais mercados musicais em ambos
os lados do Atlântico, porém se debruça principalmente para os desdobramentos
que o rockabilly ganhou aqui no Brasil. O professor da UFSM, Rogério Koff,
autor do prefácio do livro, alerta os leitores para uma das aparentes
fragilidades da publicação: “Não é, de forma alguma, usual ou esperado que um
jovem de vinte anos remonte uma trajetória iniciada nos anos 1950, nos Estados
Unidos, ou suas manifestações tardias no Brasil. Lembremos sempre da limitação
do autor: ele simplesmente não estava lá”.
Porém, Koff chama a
atenção que a voz que narra a saga brazuca do rockabilly não apenas é uma
figura autêntica ou conhecedora dos meandros, como também se tornou um membro
dessa ‘gangue’ nacional inspirada nos heróis dos anos dourados do rock: “Se o
distanciamento é inevitável, este é compensado pela proximidade construída pelo
autor com os lugares da cena rocker e seus personagens vivos. Eduardo Molinar
é, ele próprio, um rocker. Talvez por isso, aos olhos de suas fontes escolhidas
para contar a história do movimento, ele mesmo seja um dos personagens, e não
um certo tipo de ‘intruso’”.
Molinar escreveu o
livro entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2016. O trabalho também resultou no
seu projeto de conclusão de curso na UFSM. Nesse período viajou várias vezes a
São Paulo, cidade berço do rockabilly no Brasil, onde conversou e entrevistou
personagens ainda ativos do movimento, como também encontrou testemunhas vivas
da história do gênero aqui no país. Nas
páginas de “Rockabilly no Brasil”, o autor rememora nomes importantes como Eddy
Teddy e a Coke Luxe, Johnny Luva, Jeff Billy, Anderson Nápoles, Ivan Tuppelo,
Aleks Rocker, Kães Vadius, Old Stuff Trio, Ratz, Rebels 50's, Ases do
Rock'n'Roll, General Boys e The Dogs 1954. Ele também relembra a trajetória de
gangues femininas como a Betty Boops e as Simple Dolls, além de recontar os
passos da passagem do Stray Cats no Brasil em 1990. O grupo norte-americano tem no guitarrista Brian Setzer sua figura de maior destaque e ainda hoje é considerado por crítica e público uma das expressões maiúsculas (e tardias) do rockabilly
Uma das imagens do livro de Molinar recupera reportagem sobre o movimento rockabilly no Brasil publicada na revista Manchete. |
Luciana e Sarita, integrantes da gangue Betty Boops. Foto: Alexandre Maneiro |
E o jornalista comemora a receptividade que encontrou em São Paulo: “Fui muito bem recebido pelo pessoal envolvido na cultura rockabilly no Centro do país. Por não fazer parte da cena de lá, passei a ser percebido como um personagem neutro na história. Assim pude ouvir vários lados da moeda e passar isento por rixas locais que acabam prejudicando uma narrativa imparcial dos fatos”, conclui.
A publicação ganha
lançamento nesta terça-feira (8), às 19h30, no Zeppelin Bar (Visconde de Pelotas
esquina Venâncio Aires). Depois, “Rockabilly Brasil” será lançado em três
cidades paulistas: São Caetano do Sul (12/3); Mauá (17/3) e na Capital (19/3). Interessados
no livro podem contatar o autor pela sua página no Facebook, ou via e-mail eduardomolinar95@hotmail.com.
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