Gram Parsons, um dos grandes difusores do country rock
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GP. Arte: Katy Wakefield |
5 de novembro é dia de lembrar o nascimento de um dos pais do country rock, que nesta terça-feira (5) faria 73 anos. A cena pop californiana embebida pelo country nos 1970 não seria a mesma sem a passagem de Gram Parsons pelo planeta. Nascido Cecil Connor em 1944, viveu sua infância entre a Flórida e a Geórgia, onde aprendeu os primeiros acordes com o pai, Coon Dog Taylor, músico country que se suicidou quando Gram tinha só 13 anos.
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Arte: Ryan Kelly |
Após um novo casamento da mãe, adotou o nome e sobrenome do padastro (um alcoólatra que morreu no mesmo dia em que ele se formou). Colocou o pé na estrada e chegou a nova York, onde ganhou alguns trocados tocando nos botecos da Big Apple. Montou a International Submarine Band, banda no qual gravou apenas um disco e logo depois, em 1968, migrou para Los Angeles. Imerso no mundo do rock da costa oeste, conheceu Chris Hillman, baixista dos The Byrds, que o levou para o grupo. Ficou apenas 90 dias na banda, tempo suficiente para gravar o álbum “Sweetheart of The Rodeo”, gênese do country-rock. Após cair fora do Byrds, montou o The Flying Burrito Brothers com Hillman, onde gravou dois bons álbuns – “Gilded Palace of Sin (1969)” e “Burrito D’Luxe” (1970). Ia seguir carreira solo, mas sofreu um acidente de moto e só em 1972 foi gravar seu LP de estreia.
Nesse meio tempo, conheceu a cantora Emmylou Harris e Keith Richards, influenciando os Rolling Stones em canções como “Sweet Virginia”, “Dead Flowers” e “Wild Horses”, esta última, inclusive, gravada pelo Flying Burrito antes do lançamento de “Sticky Fingers”, dos Stones.
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Parson com o amigo Keith Richards. Reprodução: Train Your Brain To Happiness |
Seu primeiro álbum solo, “GP”, foi lançado em janeiro de 1972. Gravado em Hollywood, a banda base tinha parte dos músicos que acompanhava Elvis na estrada da década de 1970. Lá estavam o guitarrista James Burton, o baterista Ronnie Tutt e o tecladista Glenn Hardin (que também era diretor musical do conjunto). Além deles, completavam o time – Emmylou Harris, dividindo muitas vezes taco a taco os vocais com Gram; o baixista britânico Rik Grech (Family, Blind Faith e Traffic); Al Perkins (Shiloh, Stephen Stills, Flying Burrito), no dobro, entre outras cobras criadas da cena da época.
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Parsons, no dia de seu casamento. Reprodução |
Em setembro de 1973, após concluir as gravações de “Grievous Angel”, seu 2° disco, saiu em férias, regadas a álcool e drogas na maior parte do tempo. Foi encontrado morto em um quarto de motel, logo após uma overdose. Ele tinha só 26 anos. O toque bizarro da história é que seu empresário, Phil Kaufman e mais um amigo roubaram o cadáver de Gram do aeroporto, de onde seguiria para o enterro em Nova Orleans. A dupla seguiu para Joshua Three, onde tocaram fogo no cadáver, numa espécie de cremação ao modo índio, desejo confesso do músico. Existe um filme – “Parceiros até o fim“, de David Caffrey, que esmiúça o tema.
Sobre “Grievous Angel” dá pra dizer que o álbum mantém o alto nível do trabalho anterior. A banda base de Elvis na estrada e Emmylou Harris seguem na linha de frente, com a adição de mais dois nomes de peso: Bernie Leadon (Eagles) e da musa country Linda Ronstadt. Destaque para a apoteótica “$1000 Wedding”, a balada “Love Hurts” (sim a mesma canção regravada logo depois pelos escoceses do Nazareth), a satírica “Ooh Las Vegas” (que soa como uma pura tiração de sarro em Elvis). Mas nada se compara a belíssima e profética “In My Hour of Darkness”, canção de despedida com Linda Ronstadt e Emmylou Harris fazendo a cama para o vocal de Parsons, última faixa do lado B do álbum, lançado em janeiro de 1974.
Uma apanhado de melhor de Gram você confere no player abaixo.
Uma apanhado de melhor de Gram você confere no player abaixo.
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