Som na caixa! Hoje é o Dia Mundial do Rock

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Por Márcio Grings

Pesquise nos livros, procure nos documentários ou pergunte aos seus amigos: sempre que falamos em origens do rock'n'roll — onde tudo começou — há mais divergências do que convergências. Então... Quem afinal estruturou os alicerces do gênero? Onde encontramos a tal Pedra de Roseta, ou, será que alguém pode afirmar sem medo de errar — quem é o verdadeiro pai da ‘criança’? Será que houve algum movimento organizado e orquestrações para forjar aquilo que chamamos de rock and roll? Ou foi justamente o caos e ausência de ordem que ungiu o rock com sua graça?  

Veja a live sobre o Dia Mundial do Rock no Canal Pitadas do Sal (Quarta-feira, 13, às 19h). 

Bem, as respostas podem ser as mais diversas. No entanto, somente uma pode ser verdadeira — como diria Muddy Waters: “O blues teve um filho, e o nome dele é rock and roll”. Sim, bem antes de Hank Williams incendiar o country, de Ike Turner reivindicar uma paternidade bastarda, de Elvis chacoalhar os quadris, de Bill Halley reinventar o hillbilly, ou de alguém apresentar a certidão de nascimento (falsa) do gênero, o leite materno do rock já havia tocado o solo sagrado do delta do rio Mississippi. 

Desde que foi miscigenado e popularizado por Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, e Alan Freed (o radialista e agitador cultural que cunhou o termo), o rock, fundido ao country music e ao rhythm’n’blues, isso em meados dos anos 1940/50, nunca mais parou de sofrer influências musicais e culturais de todo tipo — sempre disposto a uma nova 'transa', sempre pronto para experimentar um barato diferente, sempre alerta para iniciar uma nova revolução. 

Assim, Elvis emprestou seu corpo, os Beatles e os Stones determinaram as regras (ou a quebra delas) e Dylan expandiu a mente. Ao longo do tempo, o rock assumiu elementos de folk, jazz, pop, música erudita, eletrônica, funk, soul, rap, se alimentou de ambíguos traços culturais. É dessa ambiguidade — e principalmente de inúmeras diversidades — que o rock ainda sobrevive pelos quatro cantos do planeta.   

POR QUE 13 DE JULHO É O DIA MUNDIAL DO ROCK?

Coincidentemente, em 13 de julho 1962 os Stones curtiam a ressaca após a primeira noitada do grupo no Marquee Club, em Londres. 

Saiba mais sobre o primeiro show dos Stones AQUI

Na verdade o Dia Mundial do Rock é celebrado em homenagem ao Live Aid, megaevento realizado nesse dia, em 1985, e organizado pelo cantor britânico Bob Geldof (vocalista do The Boomtown Rats e o Senhor Pink em "The Wall"). A celebração é uma referência ao desejo expressado por Phil Collins, que sugeriu que aquela data deveria ser lembrada como “Dia Mundial do Rock”. O Live Aid, realizado nos Estados Unidos e Inglaterra, contou com nomes como Paul McCartney, Bob Dylan, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood, Elton John, Queen, David Bowie, entre outros.

13 DE JULHO — DATA É COMEMORADA SOMENTE NO BRASIL

Contudo, o Dia Mundial do Rock não pegou como data mundial, pois é comemorado somente no Brasil. Tudo começou na primeira metade dos anos 1990, quando duas rádios paulistas voltadas ao rock (89 FM e 97 FM), resolveram institucionalizar o evento na sua programação. A efeméride brasileira, segundo muitos, seria menos significativa que outros eventos na história do rock. Pelo menos a causa foi nobre: além de arrecadar fundos beneficentes, a intenção de Geldof era pressionar os líderes do G8 para perdoar a dívida externa dos países mais pobres e erradicar a miséria do mundo. Nos EUA, o Dia Mundial do Rock é comemorado em 9 de julho, data de estreia de um dos principais difusores do rock and roll nos anos 1950 — o programa de TV American Bandstand, apresentado por Dick Clark.

Rock não é apenas música — estamos falando de política, de história, de moda, de comportamento, de tantas coisas além do simples entretenimento de ouvir um som. Quantos as origens do rock no Brasil — um salve para Nora Ney, Celly e Tony Campelo, Carlos Imperial, Sérgio Murilo, Roberto e Erasmo Carlos. Salve a Jovem Guarda, a Tropicália, Raul Seixas, Rita Lee, Fughetti Luz, Mutantes, Secos & Molhados, o rock nacional dos anos 1980 e tudo aquilo que nos trouxe até aqui. 

É difícil escolher uma música que simbolize o gênero, mas acredito que Ricardinho seja adequado para representar o espírito da coisa.   

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