NOITE DEDICADA AO BLUES NA EXPOTUPÃ

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Solon Fishbone . Foto: Ana Bittencourt

Solon Fishbone, Oly Jr e Jack of Hearts foram atrações na tradicional feira que acontece em Tupanciretã


A 60ª edição da Expotupã começou na última quinta-feira (14), em Tupanciretã. Organizado pelo Sindicato Rural da cidade da Região Central, localizada a 100 km de Santa Maria, é considerado o 4ª evento mais antigo do Estado.

A feira, que acontece no Parque de Exposições Coronel Marcial Terra, segue até segunda-feira (18). Simultaneamente à Expotupã ocorre a 11ª Expocultura, com apresentações de artistas e grupos do estado e do país. Num palco secundário e mais intimista, a santa-mariense Jack of Hearts, Oly Jr (Porto Alegre) e Solon Fishbone (Porto Alegre), foram a novidade da edição 2015, já que no sábado (16), houve uma noite inédita dedicada ao blues.

JACK OF HEARTS

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Jack of Hearts. Foto: Maiara Bersch

A Jack of Hearts deu o pontapé inicial na noite.  A banda ‘menos’ blues entre as atrações apresentou um set mais focado no gênero. Não que a Jack não transite nas vias do blues, pelo contrário, é uma de suas influências. Isso tanto na escolha das releituras quanto nos temas autorais. Só que com metade do tempo de uma apresentação normal, as escolhas blueseiras foram condensadas no set. Uma das características do sexteto santa-mariense passa pela variação e cruzamento de vozes. Lennon Scharvcz (vocal), Adriano Zuli (piano, baixo e voz), Felipe Quadros (guitarra e voz) e Márcio Grings (harmônica e voz), alternam-se como protagonistas das canções.

DSC_0047 JOH. Foto: Ana Bittencourt

Rodrigo Cassuli (baixo) e Cezar Gomes (bateria) mantém o alinhamento clássico de uma boa cozinha que prima pela simplicidade e eficiência. E com isso, releituras como “Tulsa Time” (Danny Flowers), “Six Days On the Road” (Green/Montgomerry), soam coesas e vibrantes. Já “Willin’” (Lowell George), transita livre pelo country/blues e “I Got the Blues” (Rolling Stones), destaca Lennon em uma interpretação reverente.   “Traces of Son House” e “Before I Hit The Road” são os blues escrachados da Jack. Já canções como “A Flame That Stills Burns” e “Nonplussed Lifes” flertam com o blues rock e “Love is Not To Fair” é envernizada na música soul. Entrosamento e originalidade são marcas de uma banda que completa quatro anos de atividade em julho. Veja mais fotos da JOH por Maiara Bersch. Confira no LINK

Setlist



OLY JR

DSC_0125 Albo, Moura e Oly. Foto: Ana Bittencourt

No final do ano passado, Oly Jr lançou “Dedo de Vidro”, um de seus melhores CDS.  O som do músico porto-alegrense é caracterizado pelo cruzamento entre elementos da música regionalista e o blues norte-americano. “Tudo que eu sei e faço, em termos musicais, veio do blues. Apenas tento injetar nossa cultura dentro do gênero”. Ele não apenas tenta, Oly consegue ‘chegar lá’ de uma forma muito dele. Basta ouvir ao vivo temas como “Milonga Blues”, sua versão de “Homens de Preto” ou a releitura de “Mandando Lenha” de Mauro Moraes.  E tudo isso é diluído com cruzamentos entre clássicos do gênero que vão sendo miscigenados ao repertório. Com isso, ainda surgem standards como “I Just Want Make Love to You (Willie Dixon), “All Your Love” (Otis Rush), “One, Bourbon, One Scotch, One Beer” e “What I Say” (Ray Charles).

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Oly Jr. Foto: Ana Bittencourt

E claro, brilham números do novo CD. “Mais um Blues em Português”, “Eu Canto Blues”, a balada “Desculpe Meu Filho” e “Zé Morão” são bons momentos da apresentação. Oly tocou acompanhado do baixista Luciano Albo (Cascaveletes, Tenente Cascavel) e o baterista Otávio Moura . E o som do guitarrista também passa pelas duas ferramentas que utiliza para expor seu ponto de vista sobre o blues: o primeiro é uma guitarra de 10 cordas, ou ‘guitarola’ como ele se refere carinhosamente ao instrumento que foi envenenado e preparado pelo luthier André Moraes. O segundo, foi montado Por Thiago Brum, que baseado nas antigas cigar box, construiu uma guitarra com sobras de instrumentos quebrados somado a um captador duplo Fender. O resultado disso é um som muito peculiar. E a técnica apurada no slide de Oly é um dos destaques da noite.

Setlist


SOLON FISHBONE

solon 1 Solon Fishbone. Foto: Zé Carlos de Andrade

A última atração do sábado é um dos nomes mais respeitados do blues nacional. O guitarrista Solon Fishbone lançou seu primeiro álbum em 1994, o último, o elogiado “Fishtones”, saiu em 2011. Fishbone já dividiu o palco com gigantes do gênero como Eddie C.Campbell, James Wheeler, Billy Branch, John Primer, Phil Guy, Hubert Sumlin, entre outros. Além disso, o músico também lançou um novo produto em Tupanciretã. Trata-se de uma cerveja artesanal criada em parceria com Antonio Lysiak, mago que criou a fórmula. A Ipa Blues by Solon Fishbone fundamenta essa união entre gêneros clássicos da cultura POP. E Solon distribuiu gratuitamente doses generosas de sua cerveja entre o público que prestigiou o evento. No repertório, destaque para “Ipa Blues”, faixa alusiva e homônima a sua bebida. E apenas dois dias depois da perda de B.B. King, Solon fez sua homenagem ao veterano paladino do gênero. “Rock Me Baby”, clássico do Rei do Blues e que Solon gravou na sua estreia em CD e “The Woman I Love”, tema revelado no final dos anos 1960, marcaram o tributo particular a um de seus heróis.

Em seu Facebook, ainda repercutindo a morte de B.B. King, Solon falou um pouco mais sobre a partida de um de seus ídolos:

“Fiquei sabendo da morte de B.B. King enquanto confraternizávamos no King Size Pub, em Passo Fundo (onde o músico também tocou nessa semana com sua banda) assistindo a um DVD em que King divide o palco com Etta James, Albert King, Eric Clapton Stevie Ray Vaughan, Dr John e Paul Butterfield. Naquele momento, o vídeo, parecia simbolizar que [lá em cima] eles estavam reunidos novamente B.B., Albert, Etta e Stevie”.

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Fishbone e banda. Foto: Zé Carlos de Andrade

Ainda sobre o show, o guitarrista promoveu um breve apanhado de cinco álbuns lançados em trinta anos de carreira. Ao lado de Solon, Thiago D’andrea (teclado), Fernando Peters (baixo) e Cristiano Bertolucci (bateria).

Setlist

Solon Fishbone também foi uma das atrações do Do Monte Blues Festival, evento que pontuou o aniversário de Santa Maria e que invadiu o Theatro Treze de Maio e dois bares da cidade no último fim de semana.

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Noite encerrou com degustação da IPA Blues. Foto: Zé Carlos de Andrade

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