Tal como Fênix




Crônica #37 publicada no Diário de Santa Maria 29.03/2013 | N° 3413

Já pensaram que, em dado momento, precisamos deixar tudo transbordar para que possamos perceber aquilo que muitas vezes não vimos às claras? Como exemplo, dá para remontar o Mito de Fênix. Reza a lenda que quando esse pássaro da mitologia grega morre, entra em autocombustão e, passado algum tempo, renasce das próprias cinzas. Outra característica da ave mitológica é sua força que a faz transportar em voo cargas muito pesadas, havendo jornadas as quais chega a carregar até mesmo elefantes. Daí vem à frase: “tal como fênix, renascerei das cinzas”. Ou seja – voltar à tona ainda mais forte e confiante do que já foi um dia.

Nessa seara metafórica, podemos dizer que todo mundo que renasce, passa um tempinho no seu limbo particular. E dentro do cativeiro, possivelmente haja um terreno fértil para a reflexão. Também podemos remontar os ensinamentos do japonês Kotama Okada: “Onde não há reflexão, não há progresso”. Muito bem. Ainda segundo ele, “Refletir significa examinar seus erros e deficiências, e se esforçar para corrigi-los de um modo ou outro”. Além disso, Okada nos avisa para que não esqueçamos nossos pontos positivos. Mas a melhor parte desse ensinamento – é quando o mestre reforça a origem semântica da palavra reflexão: “observar atentamente a si mesmo”.


Se todo mundo que lê essas linhas parasse um tempo para refletir sobre diversos aspectos de sua existência, seria muito provável que inúmeras intempéries que os assolassem caíssem por terra. Isso é sério! Quando brecamos o tranco, puxamos o freio de mão e reduzimos a velocidade de 200 km/h, para míseros 30 km/h, só então podemos sacar as cores como elas são. E nessa balada, nossos olhos ganham lentes de aumento, observando atentamente novas (velhas) tonalidades que nos puxam de volta ao chão. Eu digo terra mesmo, barro, natureza e a natureza das coisas que realmente importam. Já falei sobre isso: precisamos esvaziar (e limpar) o copo sujo, para depois enchê-lo com água limpa. Os japas tem uma definição para esse troço. Chama-se Misogi Harahi. Trocando em miúdos, literalmente, quer dizer raspar as impurezas e abrir o espírito para o positivo. Significa purificar por meio do resgate.

Por isso, quando caímos feio e nos deparamos com nossos equívocos, podemos dizer que se todo o conseguinte gerado por isso deflagrar uma reflexão, a queda nos rendeu seu ensinamento. O dito popular alerta: “aprender com nossos erros faz parte do jogo, persistir no erro, é burrice”. E não esqueça: “Tal como fênix, ressurgiremos das cinzas”. Todos nós renascemos todos os dias. Irmão Sol e Irmã Lua são bons exemplos desse ciclo de retorno contínuo. Apenas precisamos resgatar algumas coisas boas que ficaram para trás. E não deixar de olhar para frente.

Eis que vejo um elefante voando, porém, longe das garras de Fênix.


  

Comentários

  1. Feixes do Sagrado Ensinamento.
    Feliz pelo aprimoramento alcançado, e por ser "madrinha".
    Infinitude à positividade!

    ResponderExcluir

Postar um comentário