Tudo aquilo que lhe tira do sério


O buraco em frente à minha casa. Ele fez um ano agora em janeiro. Foto: arquivo pessoal

Crônica #26 publicada no Diário de Santa Maria 11.01/2013 | N° 3348



Tem algumas coisas que realmente são difíceis de engolir. Lembra quando você foi pagar a conta no restaurante noite passada? Que lorota é essa de “taxa de serviço”? Se você não tivesse se ligado, alguns trocados a mais teriam saído da sua mão.

Quer algo mais irritante? Suponha que você esteja esperando um ônibus. Imagine que você botou os pés na parada cinco minutos antes do horário previsto do coletivo chegar. Suponha que o ônibus tenha atrasado vinte e cinco minutos. Imagino que então, você perguntaria ao cobrador: “Por favor, meu caro, qual é o horário que esse ônibus passa por aqui?”. Suponha que ele dissesse o seguinte: “Não tenho a mínima ideia!”. É... Muitas vezes precisamos ter sangue de barata.




Mais uma. Imagine que você tenha estacionado seu carro no centro da cidade. Encontrou a vaga, ok. Agora precisa pagar o parquímetro. Só tem um probleminha: – a máquina não está funcionando. Então, lá vai você no sol a pino de 40° procurando uma porra de uma máquina que funcione. Quando encontra, lembra que tem apenas uma nota de dez no bolso. Chama à guardinha. A moça não tem troco e ainda dá de ombros, tipo: “Se vira, meu!”.

Tem tantas coisas irritantes na vida. Celular sem sinal, Imposto de Renda, os descontos no contracheque, adolescente em crise de identidade, a agilidade as avessas da AES-Sul, atendente de telemarketing, cachorro acuando na janela do seu quarto, ver TV no domingo à tarde, juros bancários, carro sem ar-condicionado, filósofos de Facebook, pseudo-intelectuais no Twitter que sintetizam o pensamento do mundo em 140 caracteres, enfim, um monte de coisas que lhe deixam com o nível de azedume no vermelho, e com todos os sinais de alerta apitando.


Mas nada, mas nada mesmo, lhe irrita mais do que o fato de você ter pagado o IPTU em dia, e todo o santo dia, olhar para frente da sua casa e ver um buraco gigantesco no lugar do meio fio. E o pior: essa cratera acaba de fazer aniversário de um ano! Isso mais uma vez lhe faz citar Thoreau: “o melhor governo é o que menos governa”. Quem sabe a utopia dessa desobediência civil proposta pelo escritor norte-americano encontre morada em algum lugar fictício.

Você sabe que o sertanejo universitário nunca irá se formar como gênero musical, no entanto, lá estão os caras na capa dos jornais e revistas, tocando nas rádios e bares. Você sabe que o trânsito vai ficar pior a cada dia que passa, até porque você mesmo está prestes a comprar um carro novo em breve. Você sabe que o carnaval vai deixar o país em “banho-maria”, e só depois que os foliões cessarem de jogar confete nos salões e avenidas nossa rotina rá retomar o ritmo normal. Não tem como não perder o bom humor. Há uma infinidade de coisas que o tiram do sério. E todo dia a fila aumenta e não anda.



Comentários

  1. É pura verdade! È como o prfessor que passa um trabalho antes de vc ter entendido o assunto e avisa que vale quase metade da nota. Muito ruim.
    kkkkkkkkkkkkk
    Aliás... gostei muito do blog. A linguagem usada favorece esse tipo de postagem parabéns.
    Dá uma passada no meu por favor?
    Deixa uns comentários de como melhorar e um tema pra próxima postagem. tem de ter haver com o seu cotidiano.
    http://www.umesobretudo.blogspot.com
    Aguardo sua visita.

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